
O histórico encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, realizado nesta quinta-feira (30/10), proporcionou uma trégua temporária nas relações comerciais entre Estados Unidos e China. Ambos os líderes consideraram a reunião positiva, e o tom amigável foi amplamente disseminado. Entretanto, a questão que perdura é: por quanto tempo essa atmosfera de paz se manterá?
Segundo Leandro Barcelos, diretor de Estratégia e Política Comercial da 7IBS, a efetividade do acordo selado está diretamente ligada à “consistência de Trump nas semanas seguintes”. Ele justifica essa observação pela natureza frequentemente imprevisível do comportamento do presidente norte-americano.
“A volatilidade presidencial gera incertezas no comércio global. Empresas tendem a aumentar seus estoques, adiar investimentos produtivos e diversificar suas cadeias de suprimento em busca de segurança, o que eleva custos e intensifica a flutuação cambial e dos preços das commodities”, explica Barcelos.
Sem risco para o mercado brasileiro
Em setembro, o Brasil testemunhou uma notável expansão nas compras de soja pela China, totalizando a importação de 10,96 milhões de toneladas. Em contrapartida, as exportações dos Estados Unidos para a China foram reduzidas a zero no mesmo período, reforçando a análise de especialistas sobre a utilização do grão como uma ‘moeda de troca’ em futuras negociações.
Após o encontro, Trump comunicou que a China autorizou os Estados Unidos a retomar os embarques, com ênfase em “grandes volumes” de soja. No entanto, Barcelos avalia que, apesar deste gesto político, o reaquecimento das compras chinesas não indica uma mudança estrutural significativa.
“O aceno chinês atende a uma necessidade imediata de recompor estoques antes do período de entressafra brasileira. Assim, é provável que, após o impacto inicial da reunião, Pequim retome o padrão de distribuir os volumes entre Brasil, EUA e outros fornecedores, mantendo o mercado brasileiro como o principal pilar”, complementa.
Em entrevista concedida à Fox Business, o secretário do Tesouro dos EUA, Scot Bessent, confirmou que a China comprometeu-se a adquirir milhões de toneladas de soja norte-americana nos próximos anos. De acordo com Bessent, serão vendidas ao país asiático 12 milhões de toneladas entre novembro e “provavelmente” janeiro.
Fonte: Canal Rural.









