Pelo terceiro ano consecutivo, o La Niña vem atuando no verão brasileiro. A avaliação da equipe da revista Hortifruti Brasil, publicação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, apesar de o fenômeno climático prejudicar a produção de alguns hortifrútis em determinadas regiões do País, ele acaba favorecendo certas culturas.
Vale lembrar que o La Niña interfere no clima com mais intensidade nos extremos do País, resultando em excesso de chuva no Nordeste e baixo volume de precipitação – ou tempo seco – no Sul. O levantamento feito pela equipe mostra que o grande volume de chuva no Nordeste danificou a produção de frutas, sobretudo a voltada à exportação. Já no Sul do País, o tempo mais seco acabou beneficiando a produção de batata e de tomate, sobretudo do Rio Grande do Sul.
Paralelamente ao efeito do La Niña, o Sudeste registrou no verão de 2022/23 chuvas acima da média, por conta da passagem de umidade pela porção Central do Brasil, conforme indicações da Rural Clima. Esse cenário contribuiu para a recuperação das reservas hídricas do Sudeste, mas prejudicou a qualidade e a produtividade de hortifrútis produzidos na região, além de ter elevado os custos de produção, à medida que houve necessidade de intensificação no manejo fitossanitário.
Tudo indica que o La Niña perderá força em março, e o clima deve se normalizar entre o outono e inverno de 2023. Já no segundo semestre, há indícios de que o El Niño volte ao Brasil, resultando em clima contrário ao observado atualmente, ou seja, chuvas escassas no Nordeste e acima da média no Sul.