Termos como transição energética, mudanças climáticas e sustentabilidade socioambiental estão cada vez mais presentes nos discursos de organizações historicamente associadas a problemas ambientais, como as mineradoras, a indústria de combustíveis fósseis e o agronegócio. A pesquisadora Elisangela Paim liderou um estudo que questiona a apropriação desses discursos por tais instituições.
O trabalho, intitulado “Em nome do clima: mapeamento crítico transição energética e financeirização da natureza”, discute a transição energética no Brasil, analisando projetos e políticas associadas às energias renováveis, como eólicas, hidrogênio verde e mineração, além das iniciativas de REDD na região amazônica. Elisangela Paim, doutora em ciências sociais, destaca contradições como o aumento da demanda por minerais estratégicos para a produção de tecnologias de energia limpa, como baterias e painéis solares.
A pesquisa revela preocupações sobre os impactos socioambientais desses projetos, destacando casos de comunidades afetadas pela instalação de usinas eólicas no Ceará e no Rio Grande do Sul. Além disso, aborda a necessidade de regulamentação e fiscalização adequadas das práticas de compensação de carbono, que muitas vezes não garantem uma verdadeira mitigação das mudanças climáticas.
Elisangela Paim ressalta a importância de considerar as dimensões de classe, gênero e raça na transição para uma economia mais sustentável, enfatizando a necessidade de respeitar o direito e a autonomia das comunidades sobre seus territórios.
O estudo, lançado recentemente em São Paulo, propõe uma reflexão crítica sobre a transição energética e a financeirização da natureza, alertando para os riscos de uma abordagem simplista e descontextualizada na busca por soluções para os desafios ambientais globais.
Fonte: Agência Brasil