A cajuína, bebida tradicionalmente piauiense e com origens indígenas, se tornou um símbolo da cultura nordestina e da identidade brasileira quando foi reconhecida, em 2014, como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Esse registro, solicitado pela Cooperativa dos Produtores de Cajuína do Piauí (Cajuespi), ressaltou a relevância cultural, social e econômica da bebida. Mas por que ela mereceu esse título?
De acordo com o dossiê Modo de Fazer Cajuína Artesanal, do Iphan, a cajuína foi consagrada como patrimônio por sua importância histórica, cultural e econômica. Produzida há mais de um século, a bebida tem grande relevância na gastronomia nordestina e é uma fonte de renda para milhares de pessoas no Piauí, segundo maior produtor de caju do país, com 74 mil hectares de plantação, ficando atrás apenas do Ceará, que possui 270 mil hectares, conforme dados do IBGE.
“O caju é a fruta que mais gera renda no estado. Hoje temos 120 fábricas associadas e mais de 800 em todo o Piauí”, afirma Lenildo Lima, presidente da Cajuespi.
A cajuína, elaborada a partir do suco de caju clarificado e caramelizado, é uma bebida não alcoólica. Seu processo de fabricação inclui a separação do tanino do suco de caju através de clarificação, geralmente com o uso de gelatina em pó como agente precipitador. Posteriormente, o suco é cozido em banho-maria, resultando em uma bebida âmbar, suave e adocicada.
A produção fortalece a agricultura familiar e contribui para o desenvolvimento sustentável das comunidades, que têm modernizado o processo com sistemas automatizados. “Antigamente, o processo era muito manual. Hoje, utilizamos prensas modernas e gelatina para clarificação, o que elevou a qualidade do produto. Além disso, empresas estão produzindo em larga escala com máquinas de inox e processos automatizados de lavagem e sanitização, o que resulta em um aumento na produção”, explica Lenildo.
Além de seu valor econômico, a cajuína tornou-se um atrativo turístico, o que acaba promovendo a cultura piauiense no Brasil e no mundo.
Festival da Cajuína celebra a tradição
Visando a discussão da proteção desse patrimônio cultural, acontece nos dias 6, 7 e 8 de junho o Festival da Cajuína de 2024, juntamente com Fórum Nacional da Cajuína, uma iniciativa conjunta entre o Iphna e os principais agentes culturais da cajuína.
O fórum oferecerá um espaço para o diálogo construtivo entre o Iphan, os produtores de cajuína do Piauí e instituições convidadas, sejam públicas ou privadas.
O principal objetivo é discutir e elaborar o Plano de Salvaguarda para a cajuína, visando garantir o reconhecimento, apoio e fomento dos bens culturais registrados como patrimônio cultural do Brasil. Através dessas discussões e colaborações, busca-se promover a preservação e valorização contínua da tradição da cajuína, assegurando sua importância histórica e cultural para as gerações futuras.
O festival contará ainda com a presença de produtores e pesquisadores da área, degustação de diferentes tipos de cajuína, palestras sobre sua história e produção, e oficinas de culinária e artesanato.
O evento tem entrada gratuita e ocorrerá no Riverside Shopping, em Teresina.
Confira a programação completa:
Dia 06 de Junho – Quinta-feira
– 10:00 – Abertura do Festival e Feira na Praça Central de Eventos
– 13:00 – DJ Yann
– 19:00 – Show com Gonzaga Lu
Oficinas de Culinária – Estande Cajuespi
– 11:00 – Salgados com Caju – Chef Verônica Lima
– 12:00 – Doces com Caju – Chef Verônica Lima
– 16:00 – Comida com Caju – Marlucia Lima
– 17:00 – Drinks com Cajuína – Bar in the Box
Auditório CESVALE – Palestras
Manhã
– 10:30 – Sistema de Produção do Caju com Irrigação – Francisco José de Seixas Santos (Embrapa Meio Norte – PI)
– 11:00 – Oídio no Caju – Cândido Athayde Sobrinho (Embrapa Meio Norte – PI)
– 11:30 – Avanços Tecnológicos para a Agroindústria da Cajuína – André de Souza Dutra (Embrapa Agroindústria de Alimentos RJ) e Francisco Fábio de Assis Paiva (Embrapa Agroindústria Tropical – CE)
Tarde
– 15:00 – Adubação Foliar e Manejo de Solo – Patrícia Siqueira (Agrônoma RGN)
– 15:45 – Desafios, Tecnologias e Manejo do Caju – Najara de Melo (Agrônoma RGN)
– 18:00 – Abertura Oficial e Entrega da Medalha do Mérito Cajuína
Dia 07 de Junho – Sexta-feira
– 10:00 – Abertura do Festival e Feira na Praça Central de Eventos
– 13:00 – DJ M NL
– 19:00 – Banda Manga de Fiapo Chorinho Regional
Oficinas de Culinária – Estande Cajuespi
– 11:00 – Salgados com Caju – Chef Verônica Lima
– 12:00 – Doces com Caju – Chef Verônica Lima
– 16:00 – Comida com Caju – Marlucia Lima
– 17:00 – Drinks com Caju – Nanda Drinks
Auditório CESVALE
Manhã
– 10:00 – Abertura do Fórum da Cajuína: Participação das Instituições em Prol de uma Gestão Compartilhada da Salvaguarda da Cajuína
– 11:00 – Palestra: O Processo de Registro da Cajuína como Patrimônio Cultural do Brasil e a Revalidação do Título 10 Anos Depois – Profa. Dra. May Waddington Telles Ribeiro (Universidade Federal do Sul da Bahia) e Dra. Patrícia Alcântara (Historiadora da Superintendência do IPHAN no Piauí)
Tarde
– 15:00 – Início do Processo de Elaboração do Plano de Salvaguarda da Cajuína do Piauí: Constituição da Equipe de Trabalho e Diagnóstico de Políticas Públicas e Contexto de Produção
– 18:00 – Encerramento
Dia 08 de Junho – Sábado
– 10:00 – Abertura do Festival e Feira na Praça Central de Eventos
Palco Riverside – Palestras
– 10:00 – Padrão de Qualidade da Cajuína – Luiz Eduardo Rodrigues (SENAR)
– 10:30 – Exigências para a Regularização da Cajuína – Luiz Eduardo Rodrigues (SENAR)
– 11:00 – Desafios na Industrialização da Cajuína no Piauí: Casos de Sucesso – Luiz Eduardo Rodrigues (SENAR)
– 12:00 – Música com Fabiano Helen
– 15:00 – Melhoramento Genético do Cajueiro – Gustavo Alves Pereira (UFPI)
Oficinas de Culinária – Estande Cajuespi
– 11:00 – Industrialização da Castanha do Caju – Lenildo Lima
– 11:30 – O Caju na Gastronomia – Chef Larissa Batista
– 16:00 – Salgados com Caju – Maricelia Silva
– 17:00 – Doces com Caju – Maricelia Silva
Show de Encerramento
– Banda Curto Circuito – Uruçuí/PI
Fonte: Piauí Negócios