Em setembro, indicadores de inflação mostraram forte alta do produto. Situação das fazendas explica movimento dos valores, que chegou ao consumidor
O preço da carne bovina aumentou no varejo do Brasil. Apenas no mês de setembro, o valor médio do contrafilé subiu 3,79%, conforme o IPCA, o indicador oficial de inflação do país. O filé-mignon aumentou 2,47%; e a alcatra, 3,02%. As carnes mais populares, como músculo, tiveram alta de 1,5%. A explicação para o produto ficar mais caro para os brasileiros começa no campo, no mercado de boi gordo. Apenas na semana passada, o preço do animal vivo subiu mais de 7% em São Paulo, que serve de referência para o mercado nacional. No ano, a elevação passa de 20%. Desde o início do mês, a alta na arroba foi de R$ 27. Na B3, o mercado futuro aponta cotações superiores a R$ 300 a arroba pelo menos até o mês de fevereiro. O motivo é falta de animais prontos para abate.
Preço da carne bovina ao consumidor (variação em %)
Contrafilé | Filé-mignon | Alcatra | Patinho | |
Setembro 2024 | 3,79 | 2,47 | 3,02 | 3,15 |
Acumulado 2024 | -0,5 | -3,59 | -0,93 | 2,68 |
Fonte: IPCA (set. 2024)/IBGE
As condições climáticas desfavoráveis prejudicaram os pastos. Quando isso acontece, o boi leva mais tempo para chegar ao peso ideal de abate, e a oferta cai. Nos confinamentos, a quantidade de animais também diminuiu, o que limita ainda mais a capacidade de abastecer o mercado.
Preço do boi gordo – São Paulo
Valor R$ | Var./Dia | Var./Mês | |
11/10/2024 | 297,50 | 1,02% | 8,44% |
10/10/2024 | 294,50 | 0,20% | 7,34% |
09/10/2024 | 293,90 | -0,10% | 7,13% |
08/10/2024 | 294,20 | 0,36% | 7,24% |
07/10/2024 | 293,15 | 0,46% | 6,85% |
04/10/2024 | 291,80 | 2,10% | 6,36% |
03/10/2024 | 285,80 | 1,71% | 4,17% |
02/10/2024 | 281,00 | 1,68% | 2,42% |
01/10/2024 | 276,35 | 0,73% | 0,73% |
Fonte: Indicador Cepea/Esalq (em R$ por arroba)
Do ponto de vista da indústria, o mercado interno está enfrentando forte concorrência da demanda externa. Em setembro, as exportações de carne bovina atingiram um volume recorde, informou a Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo). Foram quase 320 mil toneladas, em meio a uma melhora nos preços médios pagos pelos clientes internacionais e da valorização do dólar em relação ao real.
Com crescimento no volume de carne para o exterior e limitações na quantidade de animais abatidos, a oferta de produto para o varejo brasileiro tende a cair e, consequentemente, o preço ao consumidor subir.