Cotações

Preço da soja sobe em parte das praças do Brasil, com alta nos prêmios

Mercado internacional, no entanto, mantém a pressão negativa, em meio a expectativa de avanço no plantio da safra brasileira O preço da soja no mercado brasileiro encerrou a semana acumulando alta no disponível em boa parte das praças de comercialização. É o que mostra levantamento do ValorPRO, serviço de informações em tempo real do Valor, …

Mercado internacional, no entanto, mantém a pressão negativa, em meio a expectativa de avanço no plantio da safra brasileira

Plantio de soja está atrasadio no Brasil, mas há condições do trabalho de campo avançar — Foto: Henry Milleo

O preço da soja no mercado brasileiro encerrou a semana acumulando alta no disponível em boa parte das praças de comercialização. É o que mostra levantamento do ValorPRO, serviço de informações em tempo real do Valor, com base nos dados da Scot Consultoria. No geral, as cotações internas tiveram apoio, principalmente, dos prêmios, que se mantiveram sustentados nos últimos dias.

Neste cenário, em Balsas (MA), a Scot apontou saca de 60 quilos valendo R$ 118,50 na sexta-feira (18/10), alta de 0,85% no acumulado semanal. Em Ponta Grossa (PR), o grão valia R$ 142 a saca, com alta de 2,9% nos últimos dias. Em Mato Grosso, houve valorização em todas as praças pesquisadas pela consultoria, com destaque para os 2,62% em Rondonópolis (com a saca a R$ 137 na sexta-feira).

Já em Goiás, houve estabilidade na semana, com a soja negociada a R$ 132 a saca em Rio Verde. Entre as regiões com queda semanal, estão Dourados (MS), de 0,73%, com a saca valendo R$ 136,59 na sexta-feira; e o Triângulo Mineiro (-1,12%), com a soja cotada a R$ 132,50 a saca.

Para Matheus Pereira, da consultoria Pátria Agronegócios, os preços internos da soja no Brasil têm se sustentado, principalmente, em dois fatores. Um deles é a dificuldade de originação do grão, já que, em diversas regiões do país, os produtores se mostram mais cautelosos em vender. Outro fator é a alta dos prêmios, consequência de uma demanda aquecida pela oleaginosa brasileira.

“Os prêmios seguem sustentados. Não é regra Chicago cair e prêmio subir. Grande parte vem da demanda. Quando existe esse gatilho fundamental, que é a presença da demanda, cria correções, onde temos Chicago sob pressão e prêmios em sustentação, que voltaram a subir, base Paranaguá”, analisa Pereira.

Outra importante variável de formação do preço da soja, o dólar subiu. Nesta sexta-feira (18/10), encerrou em alta de 0,68%, cotado a R$ 5,69. Na semana, a moeda americana se valorizou 1,49% em relação ao real. Em um mês, a alta é de 4,31%, também conforme o ValorPRO.

“Foi um fator de suporte, mas não compensou as perdas. A gente tem um saldo negativo médio para a soja 2025 nesta semana, em relação à semana passada. Os preços ofertados caíram cerca de R$ 2 por saca, média Brasil. Houve regiões que chegaram a registrar altas; outras, quedas mais profundas. O dólar não foi suficiente para contrapor essa pressão dos preços em Chicago”, afirma.

Na bolsa de Chicago, a soja acumulou baixa de 3,75% na semana, de acordo com o Valor Data, com base no contrato de segunda posição no painel (atualmente janeiro de 2025). Na sexta-feira, o vencimento fechou em baixa de 1,53%, cotado a US$ 9,82 por bushel. Os lotes para novembro caíram 1,9%, valendo US$ 9,70 o bushel. Para março de 2025, a soja foi cotada a US$ 9,96, queda de 1,34% no dia.

Pereira explica que o mercado está direcionando mais o olhar para a safra brasileira, em fase inicial de plantio. Nas estimativas da Pátria Agronegócios, a semeadura chegou nesta semana a 17,83% da área reservada para a cultura. Na mesma época em 2023, eram 30,24%, e, na média dos últimos cinco anos, 30,31%.

Ele pontua, no entanto, que os produtores têm capacidade e janela de semeadura suficiente para acelerar o ritmo dos trabalhos de campo nas próximas semanas. E, mesmo com algumas variedades de soja sendo plantadas fora do seu período ideal, ainda é possível ter a expectativa de uma boa produtividade da safra 2024/25.

No curto prazo, a avaliação do mercado é a de que há condições favoráveis para o andamento da safra de soja do Brasil, o que tem sido o principal motivo da tendência de queda nos preços internacionais da oleaginosa, o que acaba sendo uma variável de influência negativa sobre as cotações internas.

“Apesar desse início engasgado, que atrapalhou a semeadura em algumas regiões, onde já existem variedades adaptadas para plantio na primeira quinzena de outubro e só agora conseguem ter umidade no solo, essas regiões sofrem com alguma perda de teto produtivo, mas nada catastrófico”, diz o consultor.

A consultoria Datagro projeta uma safra brasileira de soja em 167,1 milhões de toneladas no ciclo 2024/25, um crescimento de 11% em comparação com a temporada 2023/24. A área plantada deve crescer 2% e chegar a 47 milhões de hectares.