Taxa Selic: Banco Central mantém juros em 15% ao ano

Banco Central mantém Selic em 15% diante de inflação persistente e incertezas globais. Cautela é a palavra de ordem para o agronegócio na busca pela convergência da inflação à meta.

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Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O atual cenário econômico, que exige cautela por parte dos países emergentes, é influenciado por tensões geopolíticas. É nesse contexto que o Banco Central justifica a decisão de manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% nesta quarta-feira, após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

“O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais”, declarou a instituição em nota oficial.

A autarquia federal destacou que, no âmbito doméstico, os indicadores econômicos confirmam, como previsto, uma moderação no ritmo de crescimento da atividade, embora o mercado de trabalho continue a demonstrar dinamismo.

“Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes apresentaram algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação”, ressaltou.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026, coletadas na pesquisa Focus, permanecem acima da meta, com projeções de 4,5% e 4,2%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2027, que representa o horizonte relevante para a política monetária, está fixada em 3,3% no cenário de referência:

Tabela Banco Central
Foto: Reprodução

De acordo com o Copom, os riscos que podem afetar a inflação, tanto para cima quanto para baixo, estão mais elevados que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se:

  1. Desancoragem das expectativas de inflação por um período mais prolongado;
  2. Maior resiliência na inflação de serviços do que o projetado, devido a um hiato do produto mais positivo; e
  3. Uma combinação de políticas econômicas externa e interna que resulte em um impacto inflacionário maior do que o esperado, como, por exemplo, uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

Entre os riscos de baixa, apontam-se:

  1. Uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada que a projetada, com impactos sobre o cenário de inflação;
  2. Uma desaceleração global mais pronunciada, decorrente de choques no comércio e de um cenário de maior incerteza; e
  3. Uma redução nos preços das commodities, gerando efeitos desinflacionários.

Tarifas comerciais e política fiscal

O Comitê informou que continuará monitorando os anúncios sobre a imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica afetam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a necessidade de cautela em um cenário de maior incerteza.

“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.”

Para o Copom, a manutenção da taxa básica de juros em 15,00% ao ano é uma decisão alinhada com a estratégia de convergência da inflação para próximo da meta ao longo do horizonte relevante.

“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por um período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.”

O Comitê enfatizou que manterá vigilância e que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados, sem hesitação em retomar o ciclo de aperto caso julgue apropriado.

Fonte: Canal Rural.