
A abertura da Cúpula do Clima, em Belém, marcou o início das discussões entre mais de 70 chefes de Estado e representantes internacionais sobre a agenda ambiental global. O encontro antecede a COP30, que começa oficialmente na próxima segunda-feira (10/11), e tem como objetivo alinhar posições políticas antes das negociações multilaterais.
Em seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a conferência é um momento decisivo para que os países assumam compromissos reais. Segundo ele, a COP30 será a “COP da verdade”, na qual o mundo precisará demonstrar se está disposto a enfrentar o aquecimento global de forma concreta.
“É o momento de levar a sério os alertas da ciência. É hora de decidir se teremos ou não a coragem necessária para transformar a realidade.”
Amazônia no centro do debate
Lula enfatizou o simbolismo de Belém sediar os encontros preparatórios e a COP30. “Pela primeira vez na história, uma COP terá lugar no coração da Amazônia. No imaginário global, não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica.”
O presidente destacou que a região abriga milhões de pessoas e centenas de povos indígenas, que, segundo ele, vivem o “falso dilema” entre preservação e desenvolvimento. Lula questionou o papel da comunidade internacional:
“É justo que seja a vez dos amazônidas de indagar o que está sendo feito pelo resto do mundo para evitar o colapso de sua casa.”
Aquecimento global já bateu 1,5°C
O presidente alertou que 2024 foi o primeiro ano em que a temperatura média global superou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, limiar apontado pela ciência como crítico.
Ele citou o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que projeta aquecimento de até 2,5°C até o fim do século caso não haja mudança significativa.
“As perdas humanas e materiais serão drásticas. Mais de 250 mil pessoas poderão morrer a cada ano. O PIB global pode encolher até 30%.”
Justiça climática e combate às desigualdades
Lula afirmou que o combate à crise climática está diretamente ligado à luta contra desigualdades sociais e econômicas.
“Será impossível conter a mudança do clima sem superar desigualdades dentro e entre as nações. A justiça climática é aliada do combate à fome, da igualdade de gênero e do enfrentamento ao racismo.”
Para ele, forças políticas extremistas e conflitos internacionais têm desviado recursos e atenção das medidas urgentes para conter o aquecimento global.
“Mutirão global” e voz da sociedade civil
O presidente defendeu a participação ativa de povos indígenas, comunidades tradicionais, sociedade civil e governos locais:
“Seremos inspirados pelos povos indígenas, para quem sustentabilidade sempre foi sinônimo de viver.”
Lula também afirmou que o Brasil quer construir “mapas do caminho” para a transição energética e para a reversão do desmatamento, por meio de cooperação tecnológica e financiamento climático.
Encerrando o discurso, o presidente citou uma crença Yanomami de que cabe aos seres humanos sustentar o céu para que ele não caia.
“Temos que abraçar um novo modelo de desenvolvimento mais justo, resiliente e de baixo carbono. Espero que esta Cúpula contribua para ‘empurrar o céu para cima’.”
Fonte: Canal Rural.








