Soja 25/26: replantio e falhas de germinação pedem cautela nas vendas antecipadas

Cautela nas vendas antecipadas de soja 25/26: atraso no plantio e risco de falhas por chuvas irregulares exigem atenção do produtor. Mercado volátil com câmbio e cenário externo incerto.

replantio soja MT
Foto: Pedro Silvestre

O mercado de soja encerrou a última semana em queda, com destaque para a desvalorização do Índice Soja FOB Santos, que recuou de R$ 145,91 para R$ 144,78 por saca, uma baixa de 0,77%. A desvalorização dos preços domésticos ocorreu mesmo diante da leve alta observada na Bolsa de Chicago, onde o contrato de novembro/25 subiu 0,18%.

Segundo a plataforma Grão Direito, o principal fator de pressão no Brasil foi o câmbio. O dólar caiu 0,46% na semana, encerrando a R$ 5,33, e, aliado à redução dos prêmios de exportação, exerceu influência negativa superior à leve valorização externa, resultando em preços mais baixos no porto.

Como o mercado se comportou?

Semana volátil

A soja atravessou uma semana de forte volatilidade. O início foi marcado por otimismo com a melhora no relacionamento entre China e Estados Unidos, mas o movimento perdeu força nos dias seguintes.

Conflito tarifário

A China anunciou a remoção das tarifas sobre uma lista de produtos importados dos Estados Unidos, porém a soja ficou de fora. A decisão interrompeu o otimismo inicial e trouxe instabilidade ao mercado internacional.

Câmbio em queda

A valorização do real frente ao dólar, impulsionada pela decisão do Copom de manter a Selic em 15%, atraiu capital estrangeiro e reduziu o câmbio, pressionando os preços domésticos da soja. Além disso, os prêmios de exportação permaneceram estáveis, mas a queda no farelo de soja também contribuiu para a fraqueza do mercado interno.

Na Bolsa de Chicago, o contrato de novembro/25 encerrou a US$ 11,02 por bushel (+0,18%), e o de março/26, a US$ 11,26 por bushel (+0,27%). No Brasil, o dólar recuou 0,74%, fechando a R$ 5,34, e os preços físicos da soja tiveram leves ajustes, com pequenas quedas em algumas regiões e altas pontuais em outras.

O que esperar do mercado?

Câmbio e volatilidade

O índice do dólar (DXY) manteve a sequência de quedas, refletindo dados mais fracos do mercado de trabalho nos Estados Unidos e aumento nas demissões em outubro. Com a paralisação do governo americano, indicadores privados passaram a ter maior peso nas decisões de mercado.

A fraqueza recente do dólar contrasta com o rali anterior, quando o Federal Reserve reduziu as apostas em cortes de juros.

Atualmente, os contratos futuros de Fed Funds apontam 66% de probabilidade de corte em dezembro, deixando o dólar sensível a novos dados econômicos e sujeito a forte volatilidade nas próximas sessões.

Plantio da safra 2025/26

As chuvas em Mato Grosso ficaram abaixo do esperado, limitando o avanço do plantio, que atingiu 85,68% das áreas, avanço de 9,55 pontos percentuais na semana, mas ainda atrasado em relação ao ritmo da safra anterior.

As regiões Médio-Norte, Noroeste e Norte estão próximas da conclusão da semeadura, enquanto Nordeste e Sudeste enfrentam maiores atrasos devido à escassez de chuva.

Segundo o relatório da NOAA, os volumes previstos entre 35 e 55 mm nos próximos dias devem favorecer a retomada dos trabalhos e melhorar a umidade do solo.

Clima e risco agrícola

Entre 11 a 15 de novembro, as chuvas devem ficar dentro da média em Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e parte do Paraná, mas abaixo da média em MAPITOBA, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Na semana seguinte, a precipitação deve se concentrar sobre Goiás, Minas, Paraná e São Paulo, enquanto Mato Grosso e Tocantins ainda apresentam déficit hídrico.

O avanço do plantio segue abaixo da média histórica, e a irregularidade das chuvas aumenta o risco de replantio e falhas de germinação, exigindo cautela nas vendas antecipadas da safra 2025/26.

Perspectiva

O mercado deve permanecer cauteloso nos próximos dias. A instabilidade do câmbio, aliada ao ritmo irregular do plantio e à persistência de riscos climáticos, tende a manter os preços da soja sustentados no curto prazo, mesmo diante de incertezas externas.

Fonte: Canal Rural.