Cop30: protestos destacam luta por demarcação de terras e maior participação popular

Marchas e cúpulas reuniram representantes dos povos e das organizações

Belém (PA), 21/11/2025 - Indígenas de diferentes origens protestam dentro da Blue Zone da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Belém (PA), 21/11/2025 – Indígenas de diferentes origens protestam dentro da Blue Zone da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, manifestantes indígenas protagonizaram protestos na Zona Azul nesta sexta-feira (21). Eles reivindicaram a demarcação de terras e se posicionaram contra a mineração promovida por empresas canadenses em diversos países do continente americano, incluindo o Brasil. A manifestação ocorreu no momento da retomada das negociações, após um incêndio que atingiu parte dos pavilhões dos países na quinta-feira (21).

Entoando cânticos, os indígenas percorreram o corredor central da Zona Azul, atraindo a atenção de negociadores, observadores e demais participantes da conferência. Com cartazes, pediam a saída de empresas canadenses dos territórios indígenas e a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que prevê a privatização de empreendimentos públicos federais nos rios Madeira, Tocantins e Tapajós. O protesto aconteceu após a realização da Plenária dos Povos, organizada pela rede Climate Action Network – International, que reúne mais de 1.300 organizações não governamentais de cerca de 130 países, atuantes na luta contra as mudanças climáticas.

A COP30, em Belém, também foi palco de diversas manifestações populares. Estimativas dos organizadores indicam que o evento contou com aproximadamente 50 mil participantes, incluindo representantes de comunidades tradicionais, agricultores, indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Entre as reivindicações, destacaram-se a maior participação dessas comunidades nos espaços de decisão e a defesa de seus direitos.

No dia 12 de novembro, durante a conferência, indígenas do povo Munduruku tentaram entrar na Zona Azul para protestar contra a privatização de empreendimentos no Rio Tapajós, mas foram impedidos pela segurança do evento. Eles também criticaram a construção da Ferrogrão, ferrovia que ligará Mato Grosso ao Pará, alegando que o projeto impactará suas terras e modo de vida. Dias após a manifestação, lideranças Munduruku foram recebidas pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago, enquanto o governo federal anunciou que realizará uma consulta prévia aos povos sobre o projeto de hidrovia no Tapajós.

Manifestações na COP30

Paralelamente à conferência, a Cúpula dos Povos, realizada na mesma cidade, reuniu cerca de 20 mil pessoas de mais de 1.300 movimentos sociais e organizações da sociedade civil. O evento foi marcado por ações de mobilização, incluindo uma barqueata com mais de 200 embarcações na Baía do Guajará, em defesa de justiça climática e social. Durante a cúpula, críticos apontaram a ausência de maior participação popular na COP30 e denunciaram a omissão de países e tomadores de decisão diante da crise climática, além de defender a causa palestina.

Na Universidade Federal do Pará (UFPA), ocorreu o “Funeral dos Combustíveis Fósseis”, uma ação simbólica contra os impactos ambientais do uso de petróleo, gás natural e carvão mineral. A cultura amazônica foi representada pela Boiuna, símbolo de resistência e esperança para as populações tradicionais da região. A maior mobilização foi a Marcha Mundial pelo Clima, que levou cerca de 70 mil pessoas às ruas de Belém no sábado (15), incluindo povos indígenas de diversos países da América do Sul, que reivindicaram o respeito aos seus direitos e a demarcação de territórios tradicionais.

No mesmo dia, o Tribunal Autônomo e Permanente dos Povos contra o Ecogenocídio, órgão simbólico criado por movimentos sociais durante a conferência, divulgou uma sentença condenando Estados e grandes empresas por violações sistemáticas contra povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e o meio ambiente. Ao final da Cúpula dos Povos, a Declaração Final classificou as medidas apresentadas para enfrentar a emergência climática como “falsas soluções”, ressaltando que o modo de produção capitalista é a principal causa da crise e destacando que comunidades periféricas são as mais afetadas pelos eventos climáticos extremos e pelo racismo ambiental.

O cacique Raoni Metuktire incentivou os participantes a continuar na luta por justiça ambiental. Em carta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Cúpula dos Povos foi fundamental para a realização da COP30. Os povos indígenas também tiveram espaço na AldeiaCOP, que recebeu cerca de três mil pessoas, com atividades que incluíram apresentações culturais, feira de bioeconomia, debates e rituais de cura e medicina ancestral. Além disso, os povos indígenas realizaram uma marcha pelas ruas de Belém, cobrando punição pelo assassinato de Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, de 36 anos, morto por um tiro na cabeça durante um ataque armado no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul.

Dias após a manifestação, lideranças do povo munduruku foram recebidas pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, disse que o governo federal vai realizar uma consulta prévia aos povos sobre o projeto de hidrovia no Tapajós.

Belém também abrigou a Cúpula dos Povos, realizada em paralelo à COP30 e um dos principais espaços de mobilização, que reuniu cerca de 20 mil pessoas de 1,3 mil movimentos sociais e a sociedade civil para discutir e apresentar demandas. Na abertura da Cúpula, uma barqueata levou mais de 200 embarcações e cerca de 5 mil pessoas as águas da Baía do Guajará, por justiça climática e social.

Em um ato político, integrantes criticaram a ausência de maior participação popular na COP30 e defenderam a Palestina. Para as organizações e movimentos, países e tomadores de decisão têm se omitido ou apresentado soluções absolutamente ineficientes colocando em risco a meta de limitar o aquecimento global a  1,5°C, conforme o Acordo de Paris.

Belém (PA), 12/11/2025 - Barqueata da Cúpula dos Povos, liderada pela
Belém (PA), 12/11/2025 – Barqueata da Cúpula dos Povos, liderada pela “Caravana da Resposta”. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Outro ato, no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), promoveu o “Funeral dos Combustíveis Fósseis”, para denunciar os impactos climáticos causados pelo uso de combustíveis derivados do petróleo, gás natural e carvão mineral.

A Boiuna, da cultura amazônica, foi usada como símbolo de abertura de caminhos para as lutas e as demandas das populações tradicionais da Amazônia.

A maior mobilização foi a Marcha Mundial pelo Clima, que ocupou as ruas de Belém, no sábado (15) com cerca de 70 mil pessoas, mostrando a expressiva diversidade cultural e social do povo amazônico. Povos indígenas de todos os países da América do Sul também integraram a marcha, unindo as vozes para pedir que seus direitos sejam respeitados e territórios tradicionais sejam demarcados.

Belém (PA), 17/11/2025 - Marcha Global dos Povos Indígenas - A Resposta Somos Nós, evento paralelo à COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Belém (PA), 17/11/2025 – Marcha Global dos Povos Indígenas – A Resposta Somos Nós, evento paralelo à COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

No mesmo dia, o Tribunal Autônomo e Permanente dos Povos contra o Ecogenocídio, órgão simbólico montado durante a COP30 por movimentos sociais, divulgou uma sentença que condena Estados e grandes empresas por violações sistemáticas contra povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e a natureza.

Ao final da Cúpula dos Povos, a Declaração Final classificou como “falsas soluções” as medidas apresentadas para o enfrentamento da emergência climática. A carta aponta o modo de produção capitalista como causa principal da crise climática crescente e ressalta que as comunidades periféricas são as mais afetadas pelos eventos climáticos extremos e o racismo ambiental.

O cacique Raoni Metuktire encorajou os participantes a continuar a luta. Em carta aos participantes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a Cúpula dos Povos foi fundamental para tornar viável COP30.

Os indígenas também tiveram espaço na AldeiaCOP, que abrigou cerca de três mil pessoas e recebeu apresentações, feira de bioeconomia, debates e uma casa espiritual para a prática de rituais de cura e medicina ancestral indígena. Os povos indígenas fizeram uma marcha pelas ruas da capital paraense, em que cobraram punição pelo assassinato de Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, de 36 anos, atingido por um tiro na cabeça durante um ataque armado no município de Iguatemi, Mato Grosso do Sul.

Fonte: Agência Brasil