
Cientistas de instituições brasileiras e internacionais manifestaram preocupação com o mais recente documento divulgado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém. Segundo eles, a ausência explícita da expressão “combustíveis fósseis” no texto representa um retrocesso significativo diante da urgência da crise climática.
Em nota conjunta, os pesquisadores destacaram que, apesar do esforço de diversos países em estabelecer metas para eliminar a dependência de combustíveis fósseis e combater o desmatamento — impulsionado pelo presidente do Brasil — a menção a esses combustíveis está completamente ausente do documento mais recente. Para o grupo, essa omissão representa uma ruptura com os compromissos internacionais e com as evidências científicas.
“Isso é uma traição à ciência e às pessoas, especialmente os mais vulneráveis, além de totalmente incoerente com os objetivos reafirmados de limitar o aquecimento a 1,5°C e com o quase esgotamento do orçamento de carbono”, afirmaram. Eles ressaltaram que não há como garantir um futuro seguro sem mudanças estruturais profundas.
“É impossível limitar o aquecimento a níveis que protejam as pessoas e a vida sem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento”, acrescentaram. A declaração é assinada por nomes de destaque na área de clima, incluindo Carlos Nobre, Johan Rockström, Marina Hirota, Paulo Artaxo, Piers Forster e Thelma Krug.
A pesquisadora Marina Hirota reforçou a gravidade da situação e alertou para o risco de a conferência não avançar na discussão sobre o tema. “A inclusão da eliminação gradual dos combustíveis fósseis é fundamental para a manutenção da vida no planeta como conhecemos hoje. Disso depende a possibilidade de manter a estabilidade climática e as condições atuais”, afirmou.
Ela alertou ainda que, se esse tema não for considerado nos textos finais e as promessas feitas continuarem apenas no papel, a sociedade começará a sentir de forma mais intensa os impactos socioeconômicos, incluindo perdas e danos decorrentes de eventos extremos cada vez mais frequentes.
A declaração é assinada por Carlos Nobre (Science Panel of the Amazon), Fatima Denton (United Nations University), Johan Rockström (Potsdam Institute for Climate Impact Research), Marina Hirota (Instituto Serrapilheira), Paulo Artaxo (USP), Piers Forster (Universidade de Leeds) e Thelma Krug (presidente do Conselho Científico da COP30).
A pesquisadora Marina Hirota reforça a gravidade do cenário e o risco de uma conferência que não avance no tema.
“A inclusão da eliminação gradual dos combustíveis fósseis é fundamental para a manutenção de vida no planeta da forma como conhecemos hoje. Disso depende a possibilidade de mantermos a estabilidade climática e as condições que temos”, afirma Marina Hirota.
“Caso isso não seja considerado nos textos que saiam dessa conferência entre as partes e, caso as promessas continuem sendo promessas sem implementação, gradualmente, ou até de forma menos previsível e mais intensa, vamos começar cada vez mais a sentir os impactos socioeconômicos e as perdas e danos recorrentes principalmente dos eventos extremos”, complementou.
Fonte: Agência Brasil








