Catadores merecem aplausos como heróis ambientais, afirma Boulos

Ministro participou 12ª ExpoCatadores, na capital paulista

São Paulo (SP), 19/12/2025 - Presidente Lula  participa do natal das Catadoras e visita a Expo Catadores 2025, no Anhembi.  Foto Paulo Pinto/Agencia Brasil
São Paulo (SP), 19/12/2025 – Presidente Lula participa do natal das Catadoras e visita a Expo Catadores 2025, no Anhembi. Foto Paulo Pinto/Agencia Brasil

Vítimas de preconceito, os catadores de resíduos deveriam ser reconhecidos como agentes ambientais, afirmou nesta sexta-feira (19) o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos. Durante o encerramento da 12ª ExpoCatadores, realizado na capital paulista, ele destacou a importância de valorizar esses trabalhadores.

“A batalha que nós temos para acabar com o preconceito, para fazer com que o catador neste país seja tratado com o mesmo respeito que é tratado um empresário quando quer reciclar. Que o catador possa vencer o preconceito e seja aplaudido como merece, pelo serviço ambiental que presta”, afirmou Boulos. “Catadores são agentes ambientais. A sociedade devia olhar para os catadores e aplaudir de pé pelo serviço ambiental que prestam neste país.”

O ministro ressaltou ações governamentais voltadas para beneficiar esses trabalhadores, como a reserva de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida em São Paulo, destinadas exclusivamente a pessoas em situação de rua, incluindo muitos catadores. Ele anunciou que, se tudo ocorrer conforme o planejado, as primeiras unidades para catadores e população em situação de rua devem ser entregues ainda este ano na capital paulista. Um projeto semelhante está em fase inicial em Nova Lima (MG).

A reserva de 3% de moradias do programa, na modalidade Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), para a população em situação de rua, está prevista na Portaria Conjunta Nº 4, de 20 de março de 2025, que abrange 38 municípios.

Boulos também mencionou o decreto que criou o Programa Nacional de Investimento na Reciclagem Popular (Pronarep), assinado durante o evento. A iniciativa oferecerá apoio financeiro, técnico e social aos catadores, com foco na sustentabilidade, inclusão social, valorização do trabalho e na promoção da economia circular, além de buscar a erradicação humanizada dos lixões.

“Quem é de cooperativa sabe que muitas vezes falta o capital de giro, a esteira, o dinheiro para a balança ou para o caminhão. O Pronarep é crédito com juro quase zero, na veia”, destacou o ministro.

Outro decreto assinado no evento permitirá a doação e cessão de bens públicos a cooperativas e associações de catadores, incluindo a destinação gratuita de balanças substituídas pelo Inmetro, que ainda funcionam bem, mas precisam ser trocadas regularmente por regras do órgão.

A ExpoCatadores contou com a participação de aproximadamente 3 mil visitantes ao longo de três dias, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na zona norte de São Paulo. Participaram do evento 600 cooperativas, especialistas, representantes do setor e autoridades governamentais.

Dados do IBGE de 2023 indicam que, entre os 5.557 municípios com serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, 4.093 (73,7%) possuem catadores informais. Além disso, 1.498 municípios (27%) têm entidades de catadores atuando na coleta seletiva.

Segundo o Atlas Brasileiro da Reciclagem de 2023, o Brasil é o quarto maior produtor de resíduos plásticos do mundo, atrás de Estados Unidos, China e Índia. Cada brasileiro gera cerca de 1 kg de resíduos plásticos por semana, ficando atrás apenas dos Estados Unidos nesse aspecto.

Catadores

Os catadores são responsáveis por encaminhar aproximadamente 90% do volume de embalagens recicladas às empresas que realizam o processamento para reúso. Apesar de sua função essencial, enfrentam um mercado de trabalho bastante precarizado, com apenas 6,5% das prefeituras mantendo contratos formais com associações e cooperativas.

O levantamento revela que a maioria dos mais de 65 mil profissionais da categoria possui baixa escolaridade, com sete em cada dez tendo estudado até o ensino fundamental. Apenas 2% concluíram o ensino superior. Em média, um catador ganha cerca de R$ 1.478,82 por mês, valor que sobe para R$ 1.730,58 quando há contratos com o poder público e cai para R$ 1.292,01 na ausência dessas contratações.

No aspecto étnico-racial, o relatório aponta que oito em cada dez catadores são negros (pretos e pardos) e 1% são indígenas. As mulheres representam 56% do total e também são maioria na gestão das entidades, com 61% das posições de liderança.

 Catadores coletam material para reciclagem na Avenida Nove de Julho, região central.
Catadores coletam material para reciclagem na Avenida Nove de Julho, região central de São Paulo – Rovena Rosa/Agência Brasil

Quanto à faixa etária, 64% têm mais de 40 anos, sendo que 15% têm mais de 60 anos, números superiores à média nacional, que é de 45% acima de 40 anos e 8% acima de 60 anos.

Os catadores são quem encaminha 90% do volume de embalagens recicladas a empresas que as processam para reúso. Embora desempenhem função imprescindível, enfrentam um mercado de trabalho bastante precarizado e que absorve poucos deles, já que 6,5% das prefeituras têm contratos formais com associações e cooperativas.

Ainda segundo o Atlas, a maioria dos mais de 65 mil profissionais da categoria com perfil analisado tem baixa escolaridade. Sete em cada dez catadores associados estudaram até o ensino fundamental. A proporção dos que concluíram o ensino superior é de 2%.

Somando 0,95 toneladas por mês, em média, ou 2,2, caso seja associado/cooperado, o catador continuava ganhando um baixo salário, de R$ 1.478,82, em 2022. A remuneração subia quando as organizações a que estavam vinculados tinham contratos com o poder público, passando para R$ 1.730,58. Sem essas contratações,a remuneração caía para R$ 1.292,01.

Quanto aos marcadores étnico-raciais, o relatório destaca que oito em cada dez são negros (pretos e pardos) e 1% indígena. As mulheres formam o contingente mais expressivo, de 56%, e também eram a maioria entre na direção das entidades (61%).

Outra informação levantada é a idade avançada em relação à média da população. Seis em cada dez (64%) têm acima de 40 anos de idade, e 15% mais de 60 anos, contra 45% e 8% na média nacional, respectivamente.

*Com informações de Letycia Bond e Andreia Verdélio, repórteres da Agência Brasil.

Fonte: Agência Brasil