Deveriam os países pobres e em desenvolvimento copiar o modelo brasileiro de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), criado pela Embrapa e já instalado em vários estados do país. Com informações são do Diário do Nordeste.
Quem faz esta sugestão é um dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz de 2007, o indiano Rattan Lai, que vive e ensina nos Estados Unidos. Ele veio ao Brasil e participou no último fim de semana, em Gramado (RS), de um evento ligado ao tema.
A ABC, com juros baixos, financia iniciativas que recuperam pastagens degradadas e a integração lavoura-pecuária-floresta. São práticas conservadoras que ajudam a reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Rattan argumenta que o que aconteceu no Cerrado brasileiro, onde se pratica a mais moderna agricultura do mundo, deve ser replicado, por exemplo, na África.
Isto será possível? – foi a pergunta que esta coluna fez ao agrônomo Zuza de Oliveira, um consultor em agropecuária. Eis sua resposta:
“Muitos países com clima tropical podem adaptar as tecnologias brasileiras de produção agrícola e pecuária.
“Mas aí tudo dependerá de políticas públicas continuadas, atração de produtores experientes, formação de mão de obra e um grande projeto de pesquisa operacional e difusão das tecnologias que se adequem às condições locais. Isso leva tempo.
“Vejam o que aconteceu no Brasil a um só tempo: a Embrapa, desde 1972, gerando tecnologia para os diversos biomas, muito crédito rural e sobretudo uma ação agressiva dos produtores sulistas que fizeram a migração para o Centro Oeste e o Norte e, mais recentemente, para o Nordeste.
“Se alguém ou algum governo quiser fazer desenvolvimento com mais rapidez, a primeira providência a tomar será importar produtores experientes e capitalizados. São eles que trazem tecnologia e mão de obra e interagem com a produção local, e com certo tempo todos aprendem e começam a produzir.”
Zuza de Oliveira, do alto de sua experiência, arremata sua resposta da seguinte maneira:
“Só com gente local, o agro ficará rodando em círculo. Foi com a expertise de gente de fora que se desenvolveu o Polo Fruticultor de Petrolina, que o Cerrado brasileiro se transformou na potência agropecuária que é hoje. É com gente de fora que, de certa forma, está acontecendo uma boa mudança na agricultura irrigada do Ceará.”