Foi lançada, na quinta-feira (10/08), na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo, a primeira iniciativa mundial voltada para a produção de hidrogênio verde a partir de etanol. O projeto é uma parceria entre o governo do Estado, a universidade e empresas privadas, com o objetivo de criar uma estação experimental de abastecimento capaz de converter o etanol em hidrogênio renovável. A operação está programada para ter início no segundo semestre de 2024.
Julio Meneghini, diretor científico do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da Escola Politécnica da USP, ressaltou que esse empreendimento permitirá a produção de hidrogênio verde de baixo custo, utilizando tecnologias inovadoras.
Diversas empresas do setor privado se uniram a esse projeto ambicioso. A Marcopolo contribuirá com um ônibus movido a hidrogênio, enquanto a Toyota apresentou a versão mais recente do Mirai Full Cell, que já circula no Japão. O etanol necessário para a produção do hidrogênio será fornecido pela Raízen e pela Shell, que investiu R$ 50 milhões no projeto.
Cristiano Pinto da Costa, presidente da Shell Brasil, destacou que o objetivo principal é demonstrar que o etanol pode se tornar um vetor para a produção de hidrogênio renovável, aproveitando a infraestrutura já existente na indústria. A inovação acontece por meio de um reformador a vapor de etanol, desenvolvido pela empresa brasileira Hytron, que converterá o etanol em hidrogênio por meio de um processo químico.
Durante a cerimônia, Tarcísio de Freitas, governador do Estado de São Paulo, questionou a viabilidade de veículos movidos puramente a eletricidade e ressaltou a importância de explorar alternativas como o etanol, o biometano e o hidrogênio verde para descarbonizar a mobilidade.
Ricardo Mussa, presidente da Raízen, sugeriu que a aceleração desse processo é possível ao utilizar a infraestrutura já existente nos postos de combustíveis para transportar o etanol. O governador respondeu, afirmando que São Paulo possui todas as condições para liderar a utilização do hidrogênio verde em sua matriz energética.
Ao longo da operação da estação experimental, os pesquisadores validarão cálculos sobre emissões e custos do processo de produção de hidrogênio. Julio Meneghini estima que o custo da produção de hidrogênio a partir de etanol será comparável ao custo do hidrogênio derivado do gás natural no Brasil. Quanto às emissões, elas são equiparáveis ao processo de eletrólise da água alimentada por energia eólica.
O Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras contribuirá com simulações computacionais para aprimorar a eficiência do equipamento. O hidrogênio produzido abastecerá os ônibus da Marcopolo e um veículo da Toyota, o Mirai, sendo um passo importante rumo ao transporte sustentável.
Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, enfatizou o comprometimento da empresa em reduzir emissões de CO2 e expressou o interesse em trabalhar com o governo estadual para viabilizar o transporte sustentável com o uso de hidrogênio renovável a partir do etanol.
A iniciativa pioneira de produção de hidrogênio verde a partir do etanol sinaliza um avanço significativo em direção à descarbonização e à busca por alternativas energéticas mais limpas e sustentáveis. O projeto, fruto da colaboração entre entidades governamentais e privadas, reforça a relevância da inovação para a transição para uma matriz energética mais sustentável.
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Fonte: AutoData.