Produtores rurais agora têm acesso a um conjunto completo de técnicas de manejo para usar a teca (Tectona grandis) como componente arbóreo em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Essas informações resultam da experiência pioneira de produtores como Arno Schneider, de Santo Antônio do Leverger (MT), e Antônio Passos, de Alta Floresta (MT), que começaram a utilizar essa árvore em sistemas silvipastoris antes mesmo de haver informações técnicas ou pesquisas que comprovassem sua viabilidade.
Os erros e acertos cometidos por esses produtores ao longo de cerca de 15 a 20 anos e as pesquisas realizadas na última década possibilitaram a abertura de caminho para novos produtores que desejam utilizar a teca em sistemas ILPF.
As experiências desses pioneiros, os resultados obtidos por eles e as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT) estão reunidos em um capítulo dedicado ao uso da teca em sistemas ILPF, publicado recentemente no livro “Teca (Tectona grandis L. f.) no Brasil”.
A publicação oferece orientações que vão desde o preparo da área para o plantio das mudas até a condução das árvores com desbastes e podas, passando pela definição de espaçamentos e configuração dos renques de árvores.
O planejamento do sistema ILPF deve considerar se o componente arbóreo será uma adição ou substituição de renda. Em sistemas de ILPF com foco na pecuária, a implantação de linhas simples facilita o manejo das árvores, exigindo menos mão de obra. Por outro lado, o sistema pode ser configurado para privilegiar a produção de teca com maior densidade de árvores por área, tornando a teca o carro-chefe do sistema e compensando eventuais perdas de produtividade na agricultura ou pecuária.
As árvores de teca em sistemas ILPF demonstraram um crescimento maior em comparação com árvores cultivadas em plantios homogêneos. Dados obtidos em Nova Canaã do Norte (MT) mostraram que, aos 11 anos, as árvores no sistema ILPF estavam mais altas e tinham um diâmetro à altura do peito (DAP) 52% maior do que aquelas no plantio homogêneo.
Dependendo do número de árvores por hectare, é necessário realizar cortes seletivos anteriores para aumentar a entrada de luz no sistema e reduzir a competição entre as árvores. Nos primeiros anos, a madeira desse desbaste pode ser usada para energia ou fabricação de mourões, mas após cerca de 12 anos, é possível retirar madeira destinada à serraria.
Mudas clonais são recomendadas para obter o melhor desempenho das árvores, pois apresentaram um crescimento 28% maior em DAP, 21% maior em altura total e 80% maior em volume total em comparação com mudas produzidas por sementes. Isso permite antecipar a entrada do gado no sistema sem riscos de danificar as plantas.
A teca é uma madeira com alto valor agregado, amplamente utilizada na produção de móveis, embarcações e pisos. A demanda global por teca é maior do que a oferta, o que torna o cultivo lucrativo, apesar do longo período de retorno do investimento. Portanto, sistemas de integração são uma alternativa viável para amortizar os custos, permitindo que o produtor obtenha receitas com agricultura e pecuária enquanto as árvores crescem.
A área de sistemas silvipastoris com teca em Mato Grosso é estimada em 4 mil hectares, enquanto a área total plantada com teca no Brasil, incluindo cultivos homogêneos, é de 94 mil hectares. Um software chamado SisILPF Teca, desenvolvido pela Embrapa Florestas, auxilia os produtores no manejo da teca em sistemas ILPF, permitindo simular diferentes cenários de produção, análise econômica e planejamento florestal.
A teca é uma espécie exótica com grande potencial econômico em sistemas integrados no Brasil, mas seu cultivo requer investimento em tecnologia, insumos adequados, operações corretas e monitoramento fitossanitário para garantir a produtividade e qualidade da madeira.
Fonte: Embrapa