O modelo de integração lavoura-pecuária (ILP) implantado pela Embrapa Pecuária Sul na Fazenda Espinilho, em Lavras do Sul, Rio Grande do Sul, está apresentando resultados promissores na produção de grãos, como soja e sorgo, e na pecuária de corte. Esse modelo visa aprimorar sistemas integrados com foco na conservação e melhoria dos recursos naturais, como solo e água. Alguns dos principais pontos e resultados incluem:
- Pasto Pastejado 365 Dias do Ano: O modelo busca manter forragens pastejadas durante todo o ano, eliminando vazios forrageiros. Isso contribui para a sustentabilidade da produção pecuária.
- Melhoria da Fertilidade do Solo: O solo é impactado positivamente com o sistema, mostrando um aumento rápido e progressivo da fertilidade. Isso se deve ao uso de técnicas do Sistema Plantio Direto e Sistema Pasto sobre Pasto.
- Resistência a Estiagens: Mesmo em anos de fortes estiagens na região, o sistema Pasto sobre Pasto se mostrou robusto e produtivo, graças ao uso do capim-sudão BRS Estribo, que possui um sistema radicular profundo e resistente à seca.
- Aumento da Produtividade de Grãos: As lavouras de grãos implantadas após o sistema de Pasto sobre Pasto apresentaram maior produtividade, mesmo em anos de estiagem. Em alguns casos, a produção de soja aumentou em até 20%.
- Redução de Custos: O sistema melhora a fertilidade do solo, a retenção de água e a infiltração no solo, o que reduz os custos de produção das lavouras e aumenta a eficiência.
- Modelo Sustentável: O modelo visa oferecer alternativas mais sustentáveis em comparação aos sistemas de produção convencionais de grãos e pecuária, incluindo a incorporação de componentes pecuários rodando no sistema durante todo o ano.
Esses resultados demonstram a viabilidade de sistemas integrados que não apenas aumentam a produção pecuária e de grãos, mas também promovem a conservação dos recursos naturais e a redução dos riscos produtivos e econômicos para os produtores. O foco é na construção de sistemas mais resilientes e sustentáveis para a agricultura e pecuária.
Em comparação com o modelo convencional de produção da região, um sistema biodiverso de produção no qual três componentes principais rotacionam entre si ao longo dos anos. São eles: lavoura de soja no verão e aveia e azevém no inverno; lavoura de sorgo grão no verão e aveia e azevém no inverno, e pecuária de corte com pastagens de verão (capim-sudão) e inverno (aveia e azevém) com uso do sistema Pasto sobre Pasto. “A maior diversidade de plantas e raízes vivas, convivendo na mesma área e ao mesmo tempo associadas ao uso adequado de diferentes práticas e processos agrícolas, como o plantio direto, não revolvimento do solo, e, principalmente, a presença do componente animal em pastagens adequadamente manejadas, não somente no inverno, mas também no verão, rotacionando também com áreas de lavoura, permitem melhor estruturação do solo, incremento da capacidade de captação de água e nutrientes, aumento da fixação de carbono, e potencialização dos organismos vivos que habitam no solo, entre outras melhorias”, aponta Sant’Anna.
Para o pesquisador, o trabalho visa também simular e criar uma visão de futuro com o planejamento de todo o sistema de produção funcionando com os conceitos implementados e avaliados na área experimental. Além do sistema de soja, sorgo e pastagens de inverno e de verão, a fazenda conta com mais de 50% da área utilizada com campos nativos e campos nativos melhorados, nos quais um dos objetivos é intensificar o uso e manejo desse sistema pastoril natural, integrando-o como base forrageira perene no planejamento de todo o sistema de produção. “Com a diversificação e práticas conservacionistas é possível desenvolver sistemas altamente produtivos e rentáveis, mas que mantenham a sustentabilidade e a conservação dos recursos naturais”, finaliza.
Fonte: agência Brasil