Acordo de Paris celebra 10 anos e recebe alerta sobre metas insuficientes

ONU cobra ação para manter limite de 1,5 ºC e acelerar transição

Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – COP28. – Meio Ambiente; mudanças climáticas; poluição do ar; fumaça fábricas; chaminés; CO2. Foto: Ralf Vetterle/Pixabay
Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – COP28. – Meio Ambiente; mudanças climáticas; poluição do ar; fumaça fábricas; chaminés; CO2. Foto: Ralf Vetterle/Pixabay

O Acordo de Paris, principal tratado internacional no combate à crise climática, completa dez anos nesta sexta-feira (12). Criado na COP21, em 2015, o pacto é considerado um marco histórico, mas a Organização das Nações Unidas alerta que o mundo ainda está longe de atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, limite crucial para evitar impactos severos e potencialmente irreversíveis.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões globais precisam diminuir 43% até 2030 para que esse objetivo seja viável. Os países são pressionados a reforçar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e acelerar a transição para economias de baixo carbono.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “2026 deve marcar o início de uma nova década de implementação”. Ele destacou que “o Acordo de Paris está funcionando, mas a ação climática precisa ser mais rápida e mais eficaz”. “Os últimos dez anos foram os mais quentes já registrados. Estamos testemunhando tragédias humanas, destruição ecológica e crises econômicas, com a devastação aumentando à medida que as temperaturas continuam subindo”, afirmou Guterres.

Ele ressaltou ainda que, graças ao acordo, “não estamos mais no caminho de um aquecimento superior a 4°C — um cenário insustentável. A trajetória atual está mais próxima de 2,5°C”, complementou. Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, o secretário-geral destacou que os países concordaram em reconhecer a importância de limitar o aquecimento global. “Essa união me dá esperança. Podemos controlar a escala e a duração desse aumento de temperatura se tomarmos medidas sérias agora. Precisamos de um plano de aceleração que preencha a lacuna entre ambição, adaptação e financiamento”, afirmou.

O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que o tratado foi decisivo para destravar a ação climática em um momento crítico. “Há dez anos, a ação climática estava emperrada, com muitos obstáculos. O Acordo de Paris possibilitou uma nova dinâmica no combate às mudanças do clima”, disse. Ele destacou que, na época das negociações, a ciência indicava que o mundo caminhava para um aumento de cerca de 4°C na temperatura média global. “Agora, graças aos esforços desde então, estamos em 2,5°C. Mas ainda precisamos evitar ultrapassar 1,5°C. Ainda há muito a fazer”, completou.

Christiana Figueres, que foi secretária executiva da UNFCCC em 2015, expressou pessimismo quanto ao alcance das metas estabelecidas. “Mesmo com o Acordo de Paris, já está muito claro que não podemos resolver a mudança climática — é tarde demais. Mas isso não significa que devemos nos condenar aos piores impactos”, afirmou nas redes sociais. Ela ressaltou que o foco agora deve ser acelerar a implementação de ações responsáveis para reduzir emissões e regenerar ecossistemas, garantindo um futuro mais sustentável para as próximas gerações.

Adotado por 195 Estados Partes e em vigor desde 2016, o Acordo de Paris estabeleceu, pela primeira vez, um compromisso global e vinculante para conter o avanço da crise climática. O mecanismo funciona em ciclos de cinco anos, nos quais cada país apresenta ou atualiza seus planos climáticos, incluindo estratégias de redução de emissões, adaptação e diretrizes de longo prazo para alcançar a neutralidade de carbono.

Brasília (DF), 23/10/2025 - Secretário-Geral da ONU, Antônio Guterres. Foto: ONU/Divulgação

A cooperação internacional é um pilar fundamental do tratado, especialmente para apoiar países em desenvolvimento, mais vulneráveis aos impactos do clima e responsáveis por uma parcela menor das emissões acumuladas. O acordo reconhece a responsabilidade dos países desenvolvidos em liderar o financiamento climático, promover transferência de tecnologia e capacitação. Para monitorar o progresso, o tratado prevê o Quadro de Transparência Reforçado, que, a partir de 2024, exige que todas as partes reportem suas ações, avanços e apoios prestados, alimentando um balanço global que avalia o cumprimento das metas de longo prazo.

“Há dez anos, a ação climática estava emperrada, com muitos obstáculos. O Acordo de Paris possibilitou dar uma nova dinâmica ao combate à mudança do clima”, disse Lago.

“À época das negociações, a ciência indicava que o mundo caminhava para um aumento de cerca de 4°C na temperatura média global. Agora, graças aos esforços realizados desde o Acordo de Paris, nós estamos em 2,5°C. Mas, ainda precisamos evitar ultrapassar 1,5 °C. Então, há muito a ser feito”, complementou.

Christiana Figueres era secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) em 2015, quando o Acordo de Paris foi criado. Ela é pessimista quanto ao alcance das metas estabelecidas há uma década.

“O que eu quero lembrar às pessoas hoje é o seguinte: mesmo com o Acordo de Paris, já está muito claro que não podemos resolver a mudança climática – é tarde demais. Ao mesmo tempo, não precisamos nos condenar aos piores impactos da mudança climática”, disse Figueres nas redes sociais.

“A chave agora é acelerar o ritmo: implementar de forma responsável a redução das emissões e a regeneração dos nossos ecossistemas naturais. Em consonância com o Acordo de Paris, para que nossos filhos, nossos netos e todas as gerações futuras possam vivenciar seus próprios momentos de alegria, de união por algo maior do que eles mesmos”, complementou.

Acordo de Paris

Adotado por 195 Estados Partes e em vigor desde 2016, o Acordo de Paris estabeleceu, pela primeira vez, um compromisso global e vinculativo para conter o avanço da crise climática.

O mecanismo funciona em ciclos de cinco anos, nos quais cada país apresenta ou atualiza seus planos climáticos. Além da redução das emissões, os documentos detalham estratégias de adaptação e diretrizes de longo prazo para orientar economias inteiras rumo à neutralidade de carbono.

A cooperação internacional é considerada um pilar central do acordo, especialmente para apoiar países em desenvolvimento, mais vulneráveis aos impactos climáticos e historicamente responsáveis por uma parcela muito menor das emissões acumuladas. A pactuação reconhece a responsabilidade dos países desenvolvidos em liderar o financiamento climático e promover transferência de tecnologia e capacitação.

Para acompanhar o progresso, o tratado prevê o Quadro de Transparência Reforçado, que obriga, desde 2024, que todas as partes reportem ações, avanços e apoios prestados e recebidos. Os dados alimentarão o balanço global, instrumento que avalia o progresso coletivo rumo às metas de longo prazo.

Fonte: Agência Brasil