Convenções da ONU criadas na Eco92 buscam promover ações convergentes na COP30

Além do clima, estão na agenda a biodiversidade e deseritficação

Belém (PA), 12/11/2025 - Pessoas em frente a fachada do pavilhão, chegam para participar de plenárias na COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Belém (PA), 12/11/2025 – Pessoas em frente a fachada do pavilhão, chegam para participar de plenárias na COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Criada na Eco92, no Rio de Janeiro, a Convenção do Clima (UNFCCC) foi o primeiro tratado multilateral voltado ao enfrentamento das mudanças climáticas. A partir dela, também foram estabelecidas as convenções de biodiversidade (CDB) e de desertificação (UNCCD), que agora iniciam um processo de convergência em uma agenda comum durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA).

“Quando todos os governos vieram para o Rio de Janeiro e as convenções foram criadas, naquela época, todo mundo estava dizendo que precisávamos priorizar. E a estrutura institucional foi definida. Mas agora, toda essa fragmentação não está nos ajudando a ser efetivos”, afirma a vice-secretária executiva da UNCCD, Andrea Meza Murillo.

A variedade de relatórios, métricas e planos diferentes dificulta a tomada de decisões integradas, uma vez que as COPs do clima ocorrem anualmente, enquanto as de biodiversidade e desertificação acontecem a cada dois anos, em períodos alternados.

“As sinergias são mais sobre como podemos planejar de modo integrado, entendendo que a natureza é tão importante para o clima que não podemos enfrentar os desafios sem considerar o manejo do solo e o planejamento de uso de terra”, explica Andrea Meza.

Brasilia 19/11/2025 - Andrea Meza Murillo, vice-secretária executiva da Convenção da Desertificação debate sinergia na COP30.
Foto: Fabíola Sinimbú/Agência Brasil

Ela destaca que, na estrutura internacional, os relatórios têm origens distintas, com objetivos e métricas diferentes. O desafio dos secretariados que acompanham os debates é transformar esse volume de informações em ações mais eficientes e integradas nos territórios.

“Como podemos trabalhar junto com os pequenos agricultores? Quando estão na fazenda, tentando fazer seu trabalho, muitas vezes não sabem se o problema é climático ou de degradação do solo; enfrentam uma questão e precisam de soluções integradas”, comenta.

Na estrutura das Nações Unidas, existe um grupo de trabalho voltado para essa convergência. No entanto, a secretária executiva da Convenção da Biodiversidade, Astrid Schomaker, avalia que essa estrutura necessita de revitalização para oferecer capacitações e orientações aos países de forma mais coordenada.

“Orientações específicas para áreas como agricultura, sistema alimentar, florestas, água e oceano poderiam nos unir. Podemos trabalhar juntos com negócios e finanças, deixando claro que não somos concorrentes por recursos. Temos uma agenda comum e queremos colaborar”, sugere.

Um exemplo dessa convergência é o lançamento do Programa Raiz, uma iniciativa de investimento em agricultura resiliente promovida pelo secretariado da Convenção de Desertificação durante a COP30, em Belém, nesta quarta-feira (19). O programa reuniu atores internacionais das três convenções com o objetivo de acelerar a meta de zero desertificação.

“É um esforço importante para que todos compreendam que solos saudáveis são essenciais para a segurança alimentar e hídrica. Esperamos que essa iniciativa nos permita trabalhar juntos, desbloquear recursos e adotar uma abordagem orientada à ação”, conclui.

Fonte: Agência Brasil