Redução da estrutura operacional faz parte das medidas para a empresa quitar dívidas e sair da recuperação judicial
A realidade da Agrogalaxy, a empresa que chegou a ser uma das líderes do processo de consolidação do mercado de distribuição de insumos no país, agora é o encolhimento. A empresa anunciou ontem cerca de 550 demissões e o fechamento de mais de 50% de suas unidades comerciais, em sua primeira grande leva de cortes desde que, no início deste mês, a Justiça de Goiás acatou o pedido de recuperação judicial da companhia.
As demissões correspondem a 40% da força de trabalho que a varejista tinha até o ano passado, quando o contingente era de 1,7 mil pessoas. Já o número de lojas, que era de 169 antes do início do processo de reestruturação, agora será de 74.
Em comunicado ao mercado, a empresa informou ontem as lojas que seguirão abertas estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste e também no Cerrado. A companhia disse que decidiu manter abertas as unidades que têm mais potencial de geração de caixa.
“Além disso, houve uma otimização do portfólio de produtos e serviços, ajustando o mix de vendas para atender melhor às demandas do mercado e fortalecer a competitividade”, disse, em comunicado, o principal executivo da companhia, Eron Martins.
Segundo a empresa, o atendimento aos clientes das localidades que deixarão de ter lojas será direcionado às unidades mais próximas. Isso vai garantir a continuidade das vendas, alegou a varejista.
Logo que protocolou o pedido de recuperação, em 18 de setembro, a empresa começou a fazer tratativas com fornecedores para tentar cumprir os compromissos de entrega aos produtores que haviam comprado insumos nesse meio tempo. A Biotrop foi uma das empresas que desfizeram o contrato com a distribuidora um dia antes do pedido de proteção contra os credores.
Após o deferimento do pedido, lojas do Agrogalaxy funcionaram com porta fechadas, apenas trabalhando com a entrega de estoques que sobraram nas revendas, enquanto os executivos tentavam convencer fornecedores a continuarem apostando na empresa, segundo uma fonte.
Advogados consultados pelo Valor antes da publicação do comunicado de ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já comentavam que a empresa tentava desenhar um modelo operacional mais enxuto, o que exigiria demissões em todos os níveis. “Essas ações têm como foco a otimização de custos e sinergias operacionais, com o objetivo de gerar receitas suficientes para honrar compromissos com clientes, fornecedores, parceiros, credores, e os 1.150 colaboradores que permanecem na nova estrutura”, afirmou a empresa.