Pesquisa da Falconi indica que companhias investirão em capacitação da mão de obra, tecnologia agrícola avançada e gestão financeira para crescer
As empresas do agronegócio esperam crescimento do setor nos próximos seis meses, após enfrentarem um mercado “morno” no último ano, com o desempenho afetado por problemas climáticos, pela queda nos preços das commodities e pelo impacto negativo dos conflitos na Ucrânia e em Israel.
Para crescer, as companhias vão investir principalmente em capacitação da mão de obra, tecnologia agrícola avançada e gestão financeira. A conclusão é da pesquisa Termômetro do Setor Agro, realizada pela Falconi.
A consultoria ouviu 129 lideranças e profissionais de empresas do agronegócio de todos os portes, entre 1 e 28 de julho.
Do total de respondentes, 48% consideram o mercado morno em 2024, ou seja, com crescimento inferior ao de 2023; outros 24% consideram que o setor está aquecido e 28% acreditam que o agronegócio está desaquecido. Em relação aos próximos seis meses, 67% esperam crescimento do agronegócio.
Indagados sobre os três fatores que mais interferem na performance da empresa, os itens mais citados foram mercado e preços de commodities (23% dos respondentes), mudanças climáticas ou condições meteorológicas (16%) e políticas governamentais e regulamentações (15%).
Para fazer frente a esse ambiente, 19% das empresas pretendem investir nos próximos 12 meses em capacitação e desenvolvimento de pessoas. Outros 12% investirão em tecnologia agrícola avançada; 12%, em gestão financeira; e 11%, em infraestrutura de armazenamento e logística 11%.
Uma nova era para o setor
Para Andre Paranhos, vice-presidente da Falconi responsável pela unidade de negócios focada em agronegócio, os investimentos priorizados pelas empresas refletem uma nova era do setor. “A gente teve uma primeira era, que era do cuidado com a terra. Uma segunda fase é da tecnologia. E agora a gente está chegando na era da gestão. Apesar dos excelentes resultados, as empresas do agro ainda têm um nível de maturidade de gestão baixa”, avalia Paranhos.
As maiores dores da gestão dessas empresas, segundo a pesquisa, são: conexão entre planejamento estratégico e execução (para 13% dos respondentes), gestão de estratégias comerciais e equipes de vendas (13%), definição de planejamento estratégico (12%). Preparação de equipes e lideranças foram citados por 10% e disciplina no controle da execução dos planos foi citado por outros 10%.
As empresas relataram que já adotam ferramentas para melhorar a gestão. Do total, 16% usam sistemas de gestão agrícola; 14% investiram em inteligência artificial; 12% citaram sensores e radares para análise de solo, clima e irrigação inteligente. Outros 11% investiram em automação do maquinário agrícola; 11% em ‘big data’ (para análise de solo, clima e irrigação); 10% usam drones (em pulverização e monitoramento do campo) e 10% usam imagens de satélites.
Entre as empresas, 45% se consideram eficientes na adoção de novas tecnologias e 34% se consideram muito eficientes. Do total de ouvintes, 61% avaliam que o setor passará por mudanças significativas devido a novas tecnologias nos próximos três anos.
Paranhos diz que é necessário ter uma visão de longo prazo e incluir o máximo de variáveis possíveis, como questões políticas, clima, risco de incêndio criminoso. Ele também recomenda fazer o planejamento estratégico com metas anuais e implementar uma governança para garantir o alcance dos resultados. “Para isso a empresa precisa estar sustentada por dois grandes pilares: gente e tecnologia”, afirma o especialista.