Arroz em baixa: Preço reduzido leva produtores a apostar em menor plantio

Preço baixo do arroz força produtores gaúchos a reduzir área plantada e tecnologia. Cenário preocupa com custos elevados e estoques altos.

Indústria lança primeiro arroz rastreado com tecnologia da Embrapa
Foto: Paulo Lanzetta

O acúmulo de custos de produção que superam os valores de venda tem gerado desânimo entre os produtores gaúchos de arroz. Aproximadamente 40% da área prevista para a nova safra já foi semeada, mas entidades alertam para o risco de uma queda ainda mais significativa no plantio.

Os baixos preços praticados para o arroz têm exercido forte pressão sobre os produtores do Rio Grande do Sul, que responde pela maior parte da produção nacional. Conforme dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), cerca de 40% da área destinada à safra atual já conta com a semeadura. No entanto, a projeção total de 920 mil hectares representa uma redução estimada de 5% em comparação com a safra anterior.

Em algumas regiões específicas do estado, a retração na área plantada pode ser ainda mais acentuada, alcançando os 20%, segundo relatos de técnicos e lideranças do setor. As razões para essa diminuição abrangem a baixa rentabilidade, o endividamento dos produtores, as dificuldades de acesso a crédito e os elevados custos de produção.

“Por ser arrendatário, a redução da área se torna uma tarefa complexa, pois depende de parcerias com terceiros. Contudo, o cenário é motivo de grande preocupação, especialmente pela ausência de perspectivas favoráveis e pela desvalorização dos preços internacionais”, compartilha o produtor Gilberto Raguzzoni.

Custo alto e preço baixo travam a rentabilidade

O valor atual da saca de arroz, em torno de R$ 58, está inferior ao preço mínimo de R$ 63 estabelecido pelo governo federal. O custo médio de produção por saca declarado pelos produtores atinge cerca de R$ 90, o que configura um prejuízo mesmo em cenários de safras com alta produtividade.

“Atualmente, o produtor enfrenta severas dificuldades na implantação da lavoura devido à escassez de recursos e à desvalorização dos preços. A renda observada caiu pela metade em relação ao ano passado”, informa Edinho Fontoura, presidente da Associação de Agricultores de Dom Pedrito.

O elevado volume de estoque de arroz no mercado interno, aliado às dificuldades encontradas nas operações de exportação, também contribui para a queda nos preços. Adicionalmente, a entrada de aproximadamente 2 milhões de toneladas de arroz provenientes de importações do Mercosul intensifica a pressão sobre o produto nacional.

Plantio segue, mas com menor tecnologia

Apesar dos desafios enfrentados, o plantio segue em ritmo acelerado, buscando aproveitar as condições climáticas favoráveis. No entanto, alguns produtores têm optado por empregar menos tecnologia nas lavouras, restringindo investimentos em insumos e equipamentos.

Expectativa é de nova redução

As entidades representantes do setor recomendam que os produtores ajustem a área de plantio de acordo com a realidade do mercado. A expectativa é de que os levantamentos oficiais da safra confirmem uma redução mais expressiva na área plantada quando os dados forem consolidados pelo Irga.

“O momento é desafiador e tudo indica que a área plantada continuará a diminuir. Teremos a dimensão exata apenas ao final da safra, com os levantamentos realizados pelo instituto”, declarou Alessandro da Cruz, coordenador regional do Irga.

Fonte: Canal Rural.