Brasil deve ampliar rastreabilidade agropecuária com foco em escala e inclusão, segundo diretora da JBS

Brasil busca ampliar rastreabilidade na pecuária com foco em escala e inclusão produtiva. JBS destaca apoio técnico e financeiro para adesão dos produtores.

Liège Correia, diretora de Sustentabilidade da JBS
Fotos: Johnnys Silva Fotografia

Durante o Fórum Planeta Campo – Especial COP30, no painel “Rastreabilidade total da cadeia de alimentos”, a diretora de Sustentabilidade da JBS, Liège Correia, destacou que o Brasil já possui uma base sólida de rastreabilidade na pecuária e que o desafio atual é ampliar a adesão e garantir inclusão produtiva, com apoio técnico e financeiro.

“A Guia de Trânsito Animal, a GTA, surgiu em 1990 e, em 2012, passou a ser digital — isso já é rastreabilidade. O Brasil é um país que já faz rastreabilidade há muitos anos”, afirmou.

Pará avança com rastreio individual

Liège ressaltou que o estado do Pará está na vanguarda ao adotar a rastreabilidade individual obrigatória, a partir de janeiro de 2026, com base em um decreto estadual. Segundo ela, essa medida representa uma “adicionalidade importante” para a cadeia de carne bovina.

“Hoje, muitos produtores já usam a rastreabilidade individual como ferramenta de gestão da propriedade, porque permite olhar o ganho de peso, a vacinação e uma série de outros fatores”, disse.

De acordo com a executiva, o sistema tem crescido de forma voluntária no estado, com mais de 200 mil animais já identificados individualmente. “Santa Catarina já tem 100% de rastreabilidade individual, mas é um rebanho pequeno. O desafio do Pará é fazer o mesmo em um estado de grande dimensão”, observou.

Apoio técnico e operação em campo

Liège também detalhou o trabalho da JBS na implementação prática da rastreabilidade. A empresa tem doado dispositivos de identificação e mantém equipes em campo para auxiliar na aplicação dos brincos e no treinamento de operadores.

“Muita gente acha que o brinco vai simplesmente grudar na orelha do boi, mas não é tão simples assim. É preciso manejar o animal e aplicar o dispositivo corretamente”, disse.

Ela reforçou que a consolidação do sistema depende da colaboração entre governo, empresas e produtores. “Sozinhos, a gente não vai a lugar nenhum. Precisamos do apoio de todos os elos para alcançar o sucesso esperado, com quatro milhões de animais identificados no Pará no próximo ano”, afirmou.

Educação e crédito como bases da inclusão

Em relação à conscientização da base produtiva, Liège enfatizou que a adesão à rastreabilidade passa pela autonomia e decisão do produtor.

“A decisão final é da família que está ali [na propriedade rural]. A única forma de disseminar informação é com projetos educacionais, levando conhecimento ao campo para que o produtor possa decidir com segurança.”

A diretora destacou ainda a necessidade de facilitar o acesso a crédito e de viabilizar financiamentos climáticos que cheguem efetivamente aos produtores.

“Há um grande volume de financiamento climático, mas ele precisa chegar na base. Sem crédito, o produtor que tem o cadastro ambiental bloqueado não consegue se regularizar. Precisamos de linhas com juros atrativos e prazos longos para o pagamento”, pontuou.

Sustentabilidade com inclusão

Ao encerrar sua participação no fórum, Liège reforçou que a rastreabilidade é uma ferramenta de gestão e transparência, mas que sua expansão depende de educação, financiamento e cooperação entre todos os atores da cadeia. “O produtor quer fazer gestão e quer estar regular, mas precisa de apoio técnico e condições reais para isso acontecer”, concluiu.

Confira o painel sobre rastreabilidade no Fórum Planeta Campo – Especial COP30:

Fonte: Canal Rural.