Agronegócio

Oferta global de grãos impacta preços e custos da produção de proteínas animais, alerta consultora

No Brasil, um dos principais exportadores de frango de corte, a recente ameaça da gripe aviária tem gerado preocupação

Silvia Bampi, consultora em Gerenciamento de Riscos da StoneX. Foto: Reprodução.

Durante a 4ª Conbrasul Ovos, a consultora em Gerenciamento de Riscos da StoneX, Silvia Bampi, ressaltou a importância de monitorar a produção e oferta global de grãos, como milho e farelo de soja, e seus efeitos nos preços e custos de produção de proteínas animais.

No Brasil, um dos principais exportadores de frango de corte, a recente ameaça da gripe aviária tem gerado preocupação.

Silvia enfatizou que qualquer dificuldade na indústria avícola afeta a demanda interna, uma vez que o país consome cerca de 81 bilhões de toneladas de milho, dos quais quase 30 milhões de toneladas são exportados. Uma parcela expressiva desses grãos é destinada à produção de rações, sendo que aproximadamente 24% do milho brasileiro é utilizado na alimentação de frangos de corte. Caso a indústria precise reduzir a produção, isso poderá exercer pressão sobre os preços.

A consultora ressaltou que o mercado atualmente está passando por um processo de recomposição de oferta, o qual é refletido nos preços. No entanto, no ano passado, a situação era diferente. A Ucrânia ocupava uma posição de destaque na exportação mundial de milho, enquanto o Brasil e a Argentina enfrentavam problemas na produção do cereal. No entanto, devido ao conflito com a Rússia, o mercado tornou-se cauteloso e incerto, buscando alternativas além da oferta desses dois países. Como resultado, o Brasil emergiu como um grande exportador de milho.

Outro fator relevante mencionado pela especialista é a dependência do mercado em relação à China, especialmente no que diz respeito ao milho. O gigante asiático possui estoques consideráveis, o que significa que, se tiver uma quantidade significativa armazenada, reduzirá suas importações internacionais. Essa realidade tem um impacto significativo nos mercados globais.

No mercado mundial da soja, a atenção é voltada para a safra norte-americana, que representa de 32% a 35% da produção global, dependendo do momento. Após a colheita nos Estados Unidos, o foco se volta para a América do Sul, onde Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai são responsáveis por metade da produção mundial de soja.

Essa concentração é de extrema importância, já que a América do Sul também é um dos principais fornecedores globais de farelo de soja, especialmente a Argentina. Portanto, qualquer acontecimento na região afeta diretamente esses mercados. A volatilidade tem sido uma constante desde o final do ano passado até recentemente, em decorrência dos problemas climáticos enfrentados no Rio Grande do Sul e na Argentina. No entanto, mesmo com essas adversidades, o Brasil colheu uma safra expressiva de aproximadamente 160 milhões de toneladas de soja.

Silvia ressaltou que hoje em dia o mercado não aceita amadores, dada a complexidade e internacionalidade da cadeia produtiva. É fundamental considerar não apenas a produção nacional, mas também a produção mundial para compreender completamente os desafios e oportunidades desse setor em constante transformação.


Fonte: Notícias Agrícolas.