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Cafeicultor poderá ter desconto em seguro rural com adoção de práticas sustentáveis

Os primeiros beneficiados serão pequenos produtores com até 10 hectares que integram a cooperativa Cocatrel, de Minas Gerais Um acordo firmado entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Conselho Nacional do Café (CNC) e a Organização Não Governamental (ONG) ProNatura Internacional, irá desenvolver o projeto “Cafeicultura Brasileira Sustentável – Sistema de Compensação de Crédito de Carbono …

Os primeiros beneficiados serão pequenos produtores com até 10 hectares que integram a cooperativa Cocatrel, de Minas Gerais

Para a primeira etapa, a expectativa é abranger uma área de 60 mil hectares de café — Foto: Wenderson Araujo/CNA

Um acordo firmado entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Conselho Nacional do Café (CNC) e a Organização Não Governamental (ONG) ProNatura Internacional, irá desenvolver o projeto “Cafeicultura Brasileira Sustentável – Sistema de Compensação de Crédito de Carbono na Apólice de Seguro Rural no Brasil”.

De acordo com o ministério, a proposta tem como objetivo promover práticas agrícolas sustentáveis na produção de café no Brasil, além de integrar o sistema de compensação de crédito de carbono na apólice de seguro rural como incentivo para que os produtores possam alcançar benefícios socioeconômicos e ambientais.

Após análise e visitas in loco, a Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), de Minas Gerais, foi selecionada como piloto da proposta. Os primeiros beneficiados serão pequenos produtores que tenham até 10 hectares de café.

Dentro do projeto, a partir da adoção de práticas sustentáveis que reduzam a emissão de carbono na atmosfera, conforme métricas a serem estabelecidas, produtores cooperados da Cocatrel poderão utilizar seus créditos de carbono para bonificação na apólice do seguro rural. A operação será feita junto a instituições financeiras internacionais.

A Cocatrel foi escolhida após análise do perfil dos produtores. Atualmente, ela conta com cerca de 8,5 mil cooperados, sendo que, aproximadamente 80% deles atuam em propriedades com área entre 5 e 12 hectares.

Para esta primeira etapa do projeto Cafeicultura Brasileira Sustentável, a expectativa é abranger uma área de 60 mil hectares. A Cocatrel atende 125 municípios.

Produtores cooperados interessados em aderir ao projeto deverão aplicar as práticas estabelecidas pelas instituições parceiras. Trata-se de atividades que já são realizadas pelos cafeicultores, como a adubação verde, utilizando plantas de cobertura que evitam a erosão do solo, possibilitam maior reserva de água e da biodiversidade, ampliação do uso de compostos orgânicos, entre outros. A partir da metodologia de aferição definida, os créditos de carbono poderão ser utilizados para compensação do valor da apólice do seguro rural.

“Além do benefício para que pequenos e médios produtores possam ter acesso ao seguro rural, a medida ainda agrega valor ao produto oferecido”, disse o ministério, em nota.

A ação está prevista para durar 10 anos e se capilarizar entre outros parques cafeeiros a partir dos resultados alcançados com o projeto-piloto que começa, oficialmente, a ser aplicado no campo em 2025.

Importância

O presidente da Cocatrel, Jacques Fagundes Miari destacou a importância da iniciativa para a cooperativa, que assumirá um papel central como protagonista do projeto-piloto. “O projeto traz saúde financeira e sustentabilidade ao café como um todo, já que além da captura do carbono, aperfeiçoa com práticas mais tecnológicas para maior rentabilidade ao produtor”, disse.

Os cooperados contarão com o apoio da ProNatura Internacional e do Conselho Nacional do Café (CNC). Os próximos passos da Cooperativa é contatar e engajar cafeicultores da região para participarem do piloto.

O Mapa atuará como facilitador do projeto, assegurando que as políticas públicas estejam alinhadas com os objetivos de sustentabilidade. Já o CNC, será responsável por apresentar ao Ministério da Agricultura as cooperativas associadas que vierem a ter interesse em participar do projeto depois desse piloto.

A ProNatura, por sua vez, se encarrega da captação de recursos para a implementar o programa, enquanto a Universidade Federal de Lavras (UFLA) leva instruções técnicas e científicas para desenvolver métodos e protocolos que possam ser replicados em outras regiões.

Nos próximos meses, será finalizado o processo de viabilidade técnica e definidas as propostas de remuneração dos produtores, que poderão se beneficiar não só com o aumento da sustentabilidade de suas lavouras, mas também com retornos financeiros via créditos de carbono ou descontos nas apólices de seguro.