Clima & Tempo

Safra de soja em Mato Grosso no limite com clima irregular

Clima irregular em MT coloca safra de soja no limite, forçando produtores a lidar com perdas e incerteza. A janela de plantio se estende e a rentabilidade fica apertada diante de desafios climáticos.

Reprodução Canal Rural
Reprodução/Canal Rural.

O clima se mantém como o principal desafio na reta final do plantio da safra 2025/26 de soja em Mato Grosso. No médio-norte do estado, as chuvas irregulares e a estiagem prolongada atrasaram a semeadura e já causam prejuízos sentidos pelos produtores. O verde que cobre o estado, emblema da fartura no campo, neste ano dá lugar a um cenário de incerteza.

Entre dias nublados e o sol escaldante, o produtor busca acompanhar o ritmo das chuvas, que insistem em não se firmar. Em Ipiranga do Norte, o agricultor Daniel Rizzi, que conseguiu cultivar 920 hectares de soja, observa com apreensão o desenvolvimento da lavoura.

“Iniciou-se bem cedo a chuva, mas tivemos cortes grandes no meio. Houve talhões que ficaram até 20 dias sem chuva. As plantas sofreram para germinar e para crescer. Tivemos muita perda e, junto com a seca, vieram as lagartas e outras pragas que se proliferam rápido. No fim, tudo isso resulta em prejuízo para a produção final”, relata o agricultor.

A situação não é exclusiva de Ipiranga do Norte. Em diversas regiões do estado, há áreas que já somam até 30 dias sem chuva.

Impacto em Sorriso (MT)

Em Sorriso (MT), principal polo produtor de soja do país, o cenário é similar. O plantio está defasado e a irregularidade das chuvas compromete o desenvolvimento das lavouras já germinadas. Conforme o Sindicato Rural do município, a produtividade esperada para esta safra já se encontra comprometida.

“Aqui em Sorriso, já estimamos uma perda entre 8 e 10 sacas por hectare. Esperamos por chuvas generalizadas, que garantam umidade no solo e permitam o bom desenvolvimento da cultura”, afirma Diogo Damiani, presidente do Sindicato Rural de Sorriso.

Com o avanço irregular das chuvas, a janela de plantio se estendeu. O excesso de calor e a falta de umidade causaram perdas logo nas fases iniciais de desenvolvimento das lavouras e, consequentemente, muitos sojicultores precisaram recorrer ao replantio. De acordo com Damiani, até o dia 30 de setembro, cerca de 50% da área já estava semeada, um ritmo considerado adiantado em relação a outros anos. Contudo, com a virada de outubro, o cenário se alterou drasticamente. “A chuva foi embora”, resumem os produtores.

Uma Safra de Desafios

Em Gaúcha do Norte, o produtor Adalberto Grando, que cultiva 2.700 hectares nos dois municípios, enfrenta o mesmo obstáculo. “Em outras épocas, a lavoura já teria fechado as linhas. Agora, o calor forte e a falta de chuva estão comprometendo o estande de plantas. É preocupante”, lamenta.

No estado que lidera a produção de soja no Brasil, o clima adverso, os custos elevados e a rentabilidade apertada transformam cada dia sem chuva em um verdadeiro teste de resistência, tanto para as plantas quanto para quem vive do campo. “Se o clima não ajudar, será um ano muito complicado. A receita está no limite, não há espaço para erro”, desabafa Adalberto.


Fonte: Canal Rural.