Tecnologia e Inovação

Startups elevam aposta em inteligência climática

Extremos climáticos cada vez mais frequentes amplia a demanda por esse tipo de serviço entre produtores e empresas Em tempos de intempéries cada vez mais frequentes, a inteligência climática ganha protagonismo no agronegócio brasileiro. E o interesse tem feito as agtechs elevarem a aposta nesse filão. A Geodata, especializada em tecnologia digital para agricultura de …

Extremos climáticos cada vez mais frequentes amplia a demanda por esse tipo de serviço entre produtores e empresas

‘Venture capital tem mostrado interesse em fazer aportes” Vinícius Ribeiro — Foto: Geodata/Divulgação

Em tempos de intempéries cada vez mais frequentes, a inteligência climática ganha protagonismo no agronegócio brasileiro. E o interesse tem feito as agtechs elevarem a aposta nesse filão.

A Geodata, especializada em tecnologia digital para agricultura de precisão, é uma delas. A startup deu um novo passo em sua estratégia de expansão lançando a Logar, uma empresa focada em inteligência climática baseada em IoT (Internet das Coisas), voltada para o manejo de lavouras.

Com pouco mais de um ano de operação, a Logar virou prioridade para a Geodata. De acordo com o CEO Vinícius Ribeiro, a criação da Logar serviu para complementar o pacote tecnológico que a Geodata oferece às empresas fornecedoras de ferramentas de agricultura de precisão para os produtores.

Para isso, foram investidos cerca de R$ 1,5 milhão em soluções para o clima baseadas em IoT que devem ser recuperados em breve, segundo o executivo.

A Logar fornece informações sobre o clima que ajudam os produtores a adaptar seus manejos de acordo com o clima da região. “As empresas contratam a Geodata para agricultura de precisão. Quando contratam as duas [a Logar também], elas têm um serviço completo”, afirma Ribeiro.

Empresa brasileira de conectividade do grupo RZK, a Sol é outra que se movimenta nessa direção. A companhia acaba de lançar uma loja virtual de produtos e serviços de conectividade rural. E mesmo sendo uma empresa de tecnologia, a grande aposta é o serviço de inteligência climática, afirma a diretora comercial Sonia Proença.

A demanda crescente de agricultores por recursos que mitiguem os riscos climáticos justifica o investimento. “Nosso carro-chefe é a ‘Sol Clima’, que traz gestão desde o mais simples, como quantidade de chuva, até a estação completa com todas as informações da precipitação na propriedade”, explica.

O Climate Tech Report 2024, estudo realizado pela empresa de pesquisa StartUs Insights com 3.281 startups de tecnologia climática no mundo, apontou a criação, em 2023, de 168 mil novos postos no setor de inteligência climática, que agora emprega mais de 2,9 milhões de pessoas.

No Brasil, o setor emprega cerca de 5 mil pessoas, direta e indiretamente, segundo a Lemon Energia, startup gestora do Fórum Brasileiro de Climatechs. “Não há mais condições de empreender sem levar em consideração tecnologia e clima. Vale para grandes negócios e vale para startups”, afirma José Gustavo da Silva, líder de regulação, políticas públicas e comunicações da Lemon.

A pesquisa da StartUs Insights mostra ainda que a indústria climática atraiu investimentos robustos em 2023, com média de US$ 46 milhões por rodada, com mais de 8.100 rodadas fechadas pelo mundo.

Os principais investidores foram o Banco Europeu de Investimentos, com US$ 795 milhões em seis empresas, e o JP Morgan, com US$ 700 milhões em quatro empresas. Mais de 3.500 companhias receberam investimentos no ano passado.

Segundo Vinícius Ribeiro, empresas de venture capital têm mostrado interesse em fazer aportes na Geodata e na Logar, mas ele afirma não ser momento para isso. No entanto, admite que “se entrarmos em um negócio para juntar novas empresas e fortalecer nosso pacote tecnológico, poderemos captar para crescer”.

Entre 2020 e 2021, a Geodata teve uma fatia — não revelada — de seu capital comprada pelo Agrogalaxy, grupo de distribuição de insumos, que recentemente entrou em recuperação judicial. “Éramos uma empresa pequena e nos tornamos sócios de uma megaempresa. Aprendemos a atender um grande número de clientes e lojas”, diz Ribeiro. A parceria foi responsável pelo crescimento de 100% na receita da agtech, de R$ 1,3 milhão em 2021, para R$ 2,6 milhões no ano seguinte.

Porém, em plena expansão durante 2022, o empresário recomprou a parte vendida ao Agrogalaxy e voltou a ter 100% do negócio. Agora, a empresa projeta uma receita de R$ 6,3 milhões neste ano, um crescimento de 32% em relação a 2023.