Cerca de um milhão de pessoas vivem na zona rural do estado. Especialistas explicam como isso impacta na geração de renda.
OPiauí é o estado com a maior proporção de sua população vivendo na zona rural. Segundo o Censo 2022 do IBGE, 31% dos piauienses (cerca de um milhão de pessoas) moram em áreas rurais, a maior porcentagem do Brasil. Isso chama atenção, pois, enquanto em outros estados a população rural diminui com a migração para as cidades, o Piauí ainda mantém uma grande parte de seus habitantes no campo. Em Aroeiras do Itaim, no Sul do estado, por exemplo, 85% da população vive na zona rural.
A fim de entender como essa realidade impacta o desenvolvimento econômico e geração de renda no estado, o Piauí Negócios ouviu três economistas, que concordam que a alta proporção da população rural no Piauí representa tanto desafios quanto oportunidades para a economia.
Para o economista Francisco Sousa, a grande população rural do Piauí não deve ser vista como algo necessariamente negativo, mas como um potencial que, se bem aproveitado, pode impulsionar a geração de empregos, especialmente em relação à agricultura familiar.
“Vejo isso como uma chance de estimular a população rural em atividades como a produção de mel e outras modalidades da agricultura familiar. A população rural já se dedica a culturas tradicionais, como arroz, feijão e mandioca. Essas atividades geram emprego e renda, e dependem diretamente da mão de obra disponível nas áreas rurais”, explica.
De fato, a zona rural do Piauí já é responsável por uma produção expressiva de alimentos e produtos agropecuários. A agricultura familiar, por exemplo, ocupa mais de 500 mil pessoas em todo o estado e movimenta R$ 1,2 bilhão por ano, conforme dados do IBGE. Segundo Sousa, com investimentos na área, o estado poderia aumentar a geração de empregos e fortalecer a economia local, ao mesmo tempo que preserva a potencialidade dos produtores rurais.
Outra capacidade a ser explorada é o ecoturismo. Segundo Sousa, é importante criar atividades turísticas que aproveitem os recursos naturais existentes na zona rural do estado, como o Cânion do Coti e os parques Sete Cidades e Serra da Capivara. Além disso, o turismo pode ser combinado com a venda de produtos da agricultura familiar, o que estimula a economia local.
“É importante respeitar o potencial de cada região e criar atividades turísticas que aproveitem seus recursos naturais, como cachoeiras, rios, o litoral, monumentos históricos e cidades antigas. A população urbana, em busca de lazer e viagens, pode se interessar por essas atrações, gerando mais oportunidades e desenvolvimento”, acrescenta o economista.
No entanto, para que esses investimentos sejam viáveis, é necessário melhorar primeiro a infraestrutura das áreas rurais. É que destaca o economista Fernando Galvão. Ele aponta que, embora o setor agrícola tenha grande potencial, o Piauí enfrenta obstáculos estruturais que dificultam o desenvolvimento econômico da população rural.
Fonte: Piauí Negócios