Os resultados dos levantamentos de custos de produção do projeto Campo Futuro para o café arábica em Minas Gerais foram apresentados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nesta sexta (22/11), durante a Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte.
O coordenador de Projetos do Centro de Inteligência em Gestão de Mercados (CIM/UFLA) e pesquisador do projeto, Matheus Mangia, mostrou os principais dados coletados junto aos produtores rurais e técnicos das regiões de Capelinha, Guaxupé, Manhumirim, Monte Carmelo, Poço e Santa Rita do Sapucaí.
No início de sua fala, Matheus destacou a situação do cenário da cafeicultura no Brasil e no mundo e o contexto da safra atual, que envolve condições climáticas, oferta mundial e consumo. “A oferta mundial está mais restrita, ao mesmo tempo em que o consumo de café vem aumentando e os estoques reduzindo”.
Em relação aos resultados do projeto Campo Futuro, o pesquisador informou que os principais itens que puxaram o Custo Operacional Efetivo (COE) da atividade na safra 2023/2024 em todas as regiões foram mão de obra, insumos agrícolas e gastos gerais.
Em Santa Rita do Sapucaí, por exemplo, o custo com mão de obra totalizou 44%, seguido por insumos (29%) e gastos gerais (22%). Já em Monte Carmelo, a propriedade modal é mecanizada, o que reduz o custo com mão de obra. Nesse caso, os insumos agrícolas responderam por 46% do COE e a mecanização por 16%, sendo a irrigação responsável por 5% desse item.
“De forma geral, a produção de café em Capelinha, Monte Carmelo e Santa Rita se mostrou lucrativa em relação a outras atividades. Os produtores de Guaxupé e Manhumirim também estão conseguindo pagar o pró-labore. Já a atividade em Poço Fundo é preocupante, pois tem apresentado um processo de descapitalização”, explicou.
Durante a palestra, Matheus Mangia também falou sobre os principais gargalos produtivos encontrados nos painéis, como a ineficiência do uso dos fatores de produção e de fertilizantes e a baixa produtividade causada por condições climáticas, pragas e doenças.
“Os produtores relataram a presença de maquinário parado nas propriedades, sem uso, que possuem gastos com depreciação e manutenção. Uma solução seria alugar a máquina ou deixar de ter o trator e contratar o serviço de terceiros. Sobre a ineficiência do uso de fertilizantes, recomendamos mudar a cultivar, o manejo ou consultar um técnico agrícola para saber o motivo da alta quantidade de adubação e o baixo retorno do cafeeiro”, disse.