Sementes de arroz frequentemente apresentam dormência secundária, um fenômeno que, embora evite a germinação ainda na espiga, pode se tornar um entrave após a colheita, comprometendo o estabelecimento do estande de plantas. Essa dormência está ligada ao nível de maturação das sementes e às condições ambientais enfrentadas durante a maturação e a colheita, como altas temperaturas, presença de inibidores naturais e acúmulo de compostos fenólicos. A intensidade da dormência varia entre cultivares, sendo influenciada tanto pelo genótipo quanto pelas condições de armazenamento.

Com o objetivo de entender melhor como superar essa dormência, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, realizaram um experimento focado na cultivar IRGA 431 CL. O estudo foi conduzido no Laboratório Didático e de Pesquisa em Sementes do Departamento de Fitotecnia, sob coordenação do professor Dr. Ubirajara Russi Nunes, e teve seus resultados publicados no Journal of Seed Science, da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES).
A pesquisa avaliou a secagem das sementes em diferentes temperaturas 35, 40, 45, 50 e 55 °C por períodos que variaram de 24 a 168 horas. Foram analisados parâmetros como germinação, primeira contagem de germinação, comprimento da raiz e da parte aérea das plântulas.
Os resultados indicaram que a faixa de temperatura entre 41 e 44 °C, por cerca de 95 horas, é a mais eficaz para romper a dormência das sementes da cultivar IRGA 431 CL, promovendo melhores índices de germinação e vigor.
O estudo reforça a importância de protocolos específicos de secagem para cada cultivar, como forma de otimizar o aproveitamento das sementes e reduzir os custos de produção de grãos e sementes de arroz.