La Niña: pragas ameaçam lavouras de soja, alerta Embrapa

La Niña intensifica pragas na soja, ameaçando produtividade. Embrapa desenvolve armadilhas automatizadas e reforça manejo integrado para mitigar perdas.

planta de soja
Foto: Divulgação

A proliferação de pragas e doenças permanece como um dos principais entraves na produção de soja no Brasil. Dentre as ameaças mais significativas, destacam-se o percevejo da soja e a ferrugem asiática, capazes de impactar severamente a produtividade das lavouras.

Segundo a Embrapa Soja, a ferrugem asiática continua a ser a doença de maior relevância no Sul do país, podendo acarretar perdas de até 80% na produtividade. Paralelamente, o mofo branco gera particular preocupação em regiões de maior altitude, enquanto a sercóspora demanda vigilância redobrada nas fases finais do ciclo da cultura.

Este cenário é agravado pela influência do fenômeno climático La Niña, que instaura irregularidade nas precipitações e flutuações de temperatura. Pesquisadores apontam que períodos de temperaturas mais amenas tendem a prolongar o ciclo das plantas e a fomentar o surgimento de patógenos, exigindo um monitoramento contínuo ao longo de todo o período de cultivo.

“Mesmo em anos de La Niña, o agricultor não pode relaxar sua guarda. Se as chuvas coincidirem com a fase de enchimento dos grãos, a ferrugem pode se manifestar com grande intensidade”, alerta Claudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja.

Na busca por mitigar o avanço dessas pragas, a Embrapa Soja está desenvolvendo, em colaboração com uma startup de tecnologias biológicas, armadilhas automatizadas focadas no controle do percevejo. Estes dispositivos são equipados com sensores e câmeras que permitem a identificação e quantificação dos insetos em tempo real.

Os dados coletados são transmitidos para a nuvem, viabilizando o acesso para técnicos, agrônomos e produtores, o que possibilita a tomada de decisões mais ágeis e precisas acerca das estratégias de controle.

“Essas armadilhas atraem os insetos, registram imagens e transmitem as informações automaticamente. Dessa forma, o agricultor pode intervir com base no nível real de infestação”, explica Luiz Lira Arruda, engenheiro agrônomo.

As áreas mais severamente afetadas pelo percevejo incluem o sul do Mato Grosso do Sul e o oeste do Paraná. Estas regiões, caracterizadas por climas mais quentes, oferecem condições ideais para o desenvolvimento da praga, especialmente durante a etapa de enchimento dos grãos.

Estudos indicam que a ação dos percevejos pode resultar em perdas de até 20% na produtividade e na deterioração da qualidade dos grãos, impactando negativamente o teor de óleo e proteína. Em plantios destinados à produção de sementes, a infestação pode comprometer totalmente a lavoura, obrigando o produtor a comercializar o produto como grão comum, o que acarreta um prejuízo financeiro considerável.

A Embrapa enfatiza a importância do Manejo Integrado de Pragas (MIP) como medida fundamental para a mitigação de riscos. Dentre as recomendações cruciais, estão a prática da rotação de culturas, a erradicação de plantas daninhas voluntárias da cultura e a utilização do pano de batida para amostragem e monitoramento.

“O acompanhamento próximo da lavoura é primordial. O monitoramento continua sendo a ferramenta mais eficaz e acessível para prevenir perdas”, ressalta Samuel Roggia, pesquisador da Embrapa Soja.

Fonte: Canal Rural.