Suínos

Frigorífico reduz estresse de suínos com temperatura controlada e música clássica

Arquitetos investem na criação de suínos, mas usando práticas de bem-estar animal Os arquitetos Rodrigo Torres e Andrea Zerbetto, donos do Grupo ARO Incorporações e Obras, atuam há mais de 20 anos no mercado de construção de residências de luxo e preservação de patrimônio cultural. Recentemente, o casal passou a investir em outro tipo de …

Arquitetos investem na criação de suínos, mas usando práticas de bem-estar animal

Fazenda de Rodrigo Torres e Andrea Zerbetto, sócios do Grupo ARO e do Frigorífico O Cortês — Foto: Divulgação

Os arquitetos Rodrigo Torres e Andrea Zerbetto, donos do Grupo ARO Incorporações e Obras, atuam há mais de 20 anos no mercado de construção de residências de luxo e preservação de patrimônio cultural. Recentemente, o casal passou a investir em outro tipo de projeto: um frigorífico de carne suína.

A unidade, que receberá investimento de R$ 25 milhões, ficará na Fazenda Memória, em Raul Soares (MG), na Zona da Mata Mineira, onde o casal mantém um plantel de 10 mil suínos.

A propriedade terá capacidade de abate de 90 animais por dia e deverá entrar em operação em 2025. O plano da dupla é vender, no Brasil e no exterior, cortes nobres de carne suína com certificação de bem-estar animal e carbono zero.

O casal começou a investir no agronegócio em 2017, após decidir diversificar atividades para ampliar a renda. Rodrigo diz que, após a morte do avô, que criava suínos em Raul Soares, os 17 filhos e a mulher decidiram vender a Agropecuária Irmãos Torres.

Quando comprou o negócio, a Fazenda Memória tinha 8 mil suínos e 600 matrizes, que a propriedade vendia para frigoríficos.

“Desde o começo, o plano era verticalizar a produção. Agora a gente conseguiu tirar do papel”, disse Torres.

Rodrigo Torres e Andrea Zerbetto, sócios do Grupo ARO e do Frigorífico O Cortês — Foto: Marcia Charnizon/Divulgação

Financiamento impulsionou negócios

A empresa obteve R$ 13,5 milhões de recursos do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e R$ 6 milhões de investidores de familiares e amigos. O casal entra com R$ 5,5 milhões em recursos próprios.

A principal atividade será a produção de cortes nobres de carne suína da raça Duroc, considerada o “Angus” da suinocultura. A empresa optou por 30 linhas de produtos, entre carne in natura congelada e produtos como ragu de carne suína, terrine e patê suíno, vendidos em latas ou embalagens acartonadas, em porções de 250 gramas.

O desenvolvimento dos produtos ocorreu sob a consultoria do especialista Flavio Saldanha. O portfólio inclui bife ancho, bochecha, prime rib, T-bone, panceta, bife de picanha, linguiças, hambúrgueres suínos e outros. Os produtos chegarão ao mercado com a marca O Cortês, desenvolvida pela Greco Design.

A escolha da lata tem relação com a preferência dos consumidores da Europa, um dos mercados que a empresa quer alcançar.

“No Brasil, existe um certo preconceito com a carne em lata. Mas, na Europa, os melhores produtos, como foie gras, caviar e bacalhau, vêm em lata”, disse Torres.

No mercado interno, o foco será a venda para empórios, supermercados e restaurantes no Sudeste e Distrito Federal. Já nas exportações, EUA e países da Europa serão os alvos prioritários.

Música clássica para os animais

Inicialmente, o abastecimento será com produção da Fazenda Memória, que adota boas práticas agropecuárias, baseadas em bem-estar animal, sustentabilidade, emissão zero de carbono.

Torres diz que, para reduzir o estresse dos animais, o ambiente conta com temperatura controlada, e os animais têm brinquedos e ouvem música clássica. A trilha sonora inclui movimentos de Brahms, Mozart e Tchaikovski.

O frigorífico usará energia fotovoltaica e energia gerada com biogás que biodigestores produzem a partir do aproveitamento de dejetos dos animais. A produção é consorciada com florestas para neutralizar as emissões de carbono. Torres conta que o projeto inclui o plantio de 1,5 milhão de árvores na fazenda.

“Nossa meta não é aumentar o plantel. A ideia é incentivar outros produtores da região a adotar o mesmo modelo de produção para atender a demanda de cortes nobres, se a demanda superar a nossa capacidade”, diz.

A expectativa da empresa é atingir um faturamento de R$ 120 milhões por ano, com uma margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de cerca de 30%.