Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, pediu demissão
O governo Luiz Inácio Lula da Silva decidiu anular, nesta terça-feira, o leilão para compra pública de arroz realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), depois que empresas alheias ao mercado do cereal venceram o certame e geraram suspeitas sobre o processo licitatório.
O anúncio foi feito no Palácio do Planalto, agora há pouco, em coletiva de imprensa da qual participaram o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. A ideia é que um novo leilão, ainda sem data marcada, seja realizado com a participação de órgãos como Controladoria Geral da União e (CGU) e Advocacia Geral da União (AGU).
“A partir da revelação de quem foram as empresas que mostraram interesse no leilão de arroz, começou questionamento técnico para honrar compromissos e decidimos anular o leilão do arroz”, explicou Pretto. “Pretendemos fazer novo leilão de arroz, quem sabe em outros modelos, para se ter garantias que contrataremos empresas com capacidade técnica e financeira”, complementou.
Por conta disso, os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário passaram a trabalhar para evitar que o episódio se tornasse um “escândalo”, já que o episódio tem suscitado, inclusive, pedidos de investigações na Justiça e até de instalação de uma CPI no Congresso Nacional. Ontem, o próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrou uma solução para o caso.
Sobre isso, Paulo Teixeira admitiu que a decisão de anular o certame tem relação com o fato de que a “maioria das empresas” que participaram do leilão demonstraram fragilidade financeira. “As empresas [vencedoras] demonstraram fragilidade financeira em operar montante de dinheiro público”, disse.
Apesar de toda essa polêmica, o ministro do Desenvolvimento Agrário reafirmou que o governo pretende, sim, insistir num novo leilão para a compra do produto. “Faremos novo leilão tendo em vista que arroz precisa chegar a preço justo ao povo”, contou Teixeira. “O presidente Lula quer arroz e outros alimentos a preços justos. A CGU e AGU participarão do novo leilão”, acrescentou.
Neste sentido, Fávaro explicou que há um “volume justo” entre a produção de arroz no Brasil o que existe disponível para consumo no país. “Temos volume justo entre produção e consumo, mas não é que não tem arroz no Brasil”, argumentou. Apesar disso, ele ponderou que a gestão petista vai “construir mecanismos” para avaliar antes as empresas que vão participar do novo leilão.