Realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP (SAA), através de sua Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), por meio de seu Departamento de Capacitação e Educação em Saúde Única (DECESUN) e pela Câmara Setorial de Ovos e Derivados, o I Fórum Estadual de Influenza Aviária aconteceu na última sexta-feira (7), no World Trade Center, em São Paulo.
A atividade, que contou com a participação de cerca de 400 pessoas entre especialistas, estudantes, produtores e profissionais da avicultura, promoveu uma imersão no tema com a presença de representantes das áreas da agricultura, meio ambiente e saúde.
“Precisamos garantir que o estado de São Paulo não seja atingido pela influenza aviária, que possui capacidade de devastar a produção. A segurança sanitária deve ser permanente através das ações da Secretaria de Agricultura. Por meio de nossos institutos de pesquisa, podemos desenvolver pesquisas para, se for consenso, possível vacinação ou outro meio de controle da doença”, afirmou Edson Fernandes, secretário Executivo de Agricultura e Abastecimento.
“Um dia inteiro com conteúdos riquíssimos e com a participação das pastas do governo de São Paulo que trabalham para propagar a saúde única”, comemorou o médico-veterinário e coordenador da Defesa Agropecuária, Luiz Henrique Barrochelo.
A mesa de abertura do Fórum também contou com a presença de autoridades, incluindo o superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) em São Paulo, Guilherme Campos.
“Estamos aqui reunidos para abordarmos medidas que vão ao encontro da proteção dos trabalhadores do setor, dos diversos animais e de cerca de 20 bilhões que são injetados na economia do país através da avicultura”, anunciou Cristina Nagano, presidente da Câmara Setorial de Ovos.
Responsável por abrir a série de apresentações que se seguiu por todo o dia, Érico Pozzer, presidente da Associação Paulista de Avicultura, que através de um termo de cooperação com a SAA, auxilia, por meio de 14 médicos-veterinários, as ações de vigilância em todo o Estado de São Paulo, explanou a respeito do panorama da avicultura paulista com números a respeito do total de empregos gerados pelo setor e valores referentes à exportação de carne e ovos.
Na sequência, Helena Lage, professora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP) iniciou sua apresentação contextualizando o vírus da Influenza Aviária desde seu surgimento, em 1918. Ainda, a Dra. expôs aos participantes, estudos a respeito de mecanismos de patogenicidade do vírus que vem se transmutando com o passar dos anos.
David Swayne, palestrante internacional representante da OFFLU, rede global de especialistas em gripe animal da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) deu continuidade às atividades e fez uma palestra focada em medidas de controle e estratégias preventivas para a doença, incluindo a vacinação, adotada em locais específicas ao redor do mundo.
Segundo Swayne, para a introdução da vacina, é necessário analisar quatro pontos que são: a exportação, a vigilância ativa, o registro dos imunizantes por conta do ciclo das empresas e a disponibilidade.
“Para 2024, podemos esperar a vacinação continuada onde ela já está introduzida, o zoneamento dessas áreas para a exportação e o planejamento da vigilância ativa para uma futura introdução em novas áreas”, disse.
Trazendo um panorama geral sobre os processos migratórios, especificamente de aves silvestres, única espécie acometida pela Influenza Aviária de Alta Patogenicidade no Estado de São Paulo, o Fórum recebeu palestra Priscilla Prudente do Amaral, bióloga que falou em nome do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e que relacionou os casos confirmados em aves silvestres com a saúde única, conceito da OMSA que representa a visão integrada entre a saúde humana, animal e ambiental.
Paulo Blandino, médico-veterinário e gerente do Programa Estadual de Sanidade Avícola (PESA) da Defesa Agropecuária, complementou a palestra anterior e apresentou as ações realizadas desde antes da detecção do primeiro foco, em junho de 2023. Em sua apresentação, Blandino destacou a realização dos componentes de vigilância estabelecidos pelo MAPA, mostrou exemplos reais de aves doentes e abordou o fluxo de atendimento realizado até aqui para atender as mais de 90 aves positivadas no Estado.
“A rápida notificação e o rápido atendimento continua sendo a melhor forma de mitigarmos a proliferação do vírus, além do trabalho conjunto e alinhado entre agricultura, meio ambiente e saúde”, destacou o veterinário.
Tatiana Lang, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual de Saúde foi a representante da pasta e trouxe um panorama da doença em mamíferos e em seres humanos, além dos tratamentos disponibilizados e os canais de notificação da área.
Para representar o MAPA, a médica-veterinária Daniela de Queiroz Baptista, responsável pela Divisão de Gestão de Planos de Vigilância, abordou as medidas de vigilância e o plano de contingência definido pelo órgão federal para um eventual surto da doença nos plantéis comerciais do país.
Para Maria Carolina Guido, diretora do DECESUN, a atividade foi uma oportunidade ímpar de reunir especialistas nas diferentes áreas para discutir sobre a doença. “Difundir as informações é a melhor forma de fortalecer nosso sistema de vigilância para evitar que a Influenza Aviária acometa o plantel de aves comerciais”, destacou.
Panorama em São Paulo
Desde a detecção do primeiro foco de IAAP no Estado de São Paulo, em 03 de junho de 2023, foram inspecionados mais de 150 mil animais, somando mais de 1600 ações de vigilância feitas de casa em casa. Foram realizados cerca de 250 atendimentos a notificações de suspeitas de ocorrência de influenza aviária, dos quais, foram diagnosticados 54 focos para Influenza Aviária de alta patogenicidade, com o acometimento de 91 aves.
Todos os casos confirmados foram em aves silvestres, o que mantém o status de livre da doença para a exportação, uma vez que a doença não foi detectada em granjas comerciais.
Ações de educação e distribuição de materiais informativos também fazem parte do pacote de medidas para o combate à doença. Divulgação em veículos de comunicação diversos, também estão entre as medidas.
Por ser uma zoonose, trabalhos de educação também vêm sendo desenvolvidos junto com outras instituições como Secretaria da Saúde e Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, projetos de monitoramentos de praias (PMP), prefeituras municipais e ICMBIO.