Sustentabilidade

Internalizar recursos é entrave em programa de conversão de pastos

O Ministério da Agricultura já tem parte dos recursos internacionais para iniciar o fomento ao programa de conversão de pastagens degradadas, mas precisa encontrar opções para converter os valores em moeda nacional sem aumentar o custo aos produtores. A Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica, na sigla em inglês) já se comprometeu a aportar, …

Foto: André Sorio/Arquivo Pessoal

O Ministério da Agricultura já tem parte dos recursos internacionais para iniciar o fomento ao programa de conversão de pastagens degradadas, mas precisa encontrar opções para converter os valores em moeda nacional sem aumentar o custo aos produtores.

A Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica, na sigla em inglês) já se comprometeu a aportar, em ienes, o equivalente a cerca de US$ 500 milhões no programa, a uma taxa de 2% ao ano. Porém, os recursos ainda não foram convertidos ao real porque há um gasto envolvido na operação que acaba encarecendo o custo final, diz Carlos Augutín, assessor especial do ministério e coordenador-geral do comitê que cuida do programa. “Ainda tem a taxa do BNDES e do banco, que quer ganhar um spread. Isso dá uma taxa em dólar + 9% ao ano, é proibitivo.”

O ministério levou essa preocupação ao Tesouro Nacional na última quarta-feira (17/7). Uma das alternativas à mão, afirma o secretário, pode ser usar a estrutura do Fundo Clima, gerido pelo Ministério de Meio Ambiente (MMA), que já recebe recursos internacionais e os internaliza a custos baixos. A proposta será debatida entre as duas Pastas nesta semana. Segundo Augustin, estruturar uma solução para colocar os recursos dentro do país é o que falta para que o programa dê os primeiros passos.

O governo continua negociando a atração de mais recursos estrangeiros com baixo custo. O Brasil está negociando com a China um montante de US$ 1 bilhão. O recurso pode vir por meio dos “Panda bonds”, títulos de dívida que a China oferece para emissores não chineses como parte da estratégia de internacionalizar o yuan. A expectativa é que um acordo seja assinado na visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil em novembro.

Também há indicações “positivas” de atração de recursos árabes, segundo o secretário. Outro objetivo é negociar com instituições europeias na próxima viagem da equipe da Pasta ao continente. O plano é captar recursos com custos abaixo das linhas comerciais no continente.

O programa precisa levantar US$ 1,5 bilhão ao ano no mercado internacional para garantir que o Brasil amplie sua área de lavouras em 2 milhões de hectares ao ano sobre áreas de pastagens. Atualmente, esse crescimento está em 1 milhão de hectares anualmente. Se o país conseguir cumprir essa meta anual, o objetivo de converter 40 milhões de hectares de pastos degradados será atingido em 20 anos.

O valor necessário para o cumprimento dessa meta é estimado com base no custo de conversão de pastagens degradadas tanto para pastos cultivados, como lavouras anuais e lavouras perenes, o que pode variar de US$ 500 a US$ 3 mil o hectare, diz Augustin.



Fonte: Globo Rural