Recurso será usado para ampliar a participação de mercado dos biodefensivos da companhia no Brasil
A subsidiária brasileira da Koppert, multinacional de biológicos de origem holandesa, antecipou ao Valor e Globo Rural que emitiu sua primeira operação de Cédula de Produto Rural (CPR) de ESG Agro com o Itaú BBA. Apesar de não revelar o valor da transação, a companhia afirmou que o recurso será usado para ampliar a participação de mercado dos biodefensivos da companhia no Brasil.
De acordo com a empresa, o movimento crescente de adesão a bioinsumos se soma com uma abertura cada vez maior do agronegócio nacional para “construir uma agenda colaborativa com sociedade e meio ambiente”, que estará inerente no princípio ESG que está no escopo da parceria com a instituição financeira que gerenciará os recursos do CPR.
“Bancos e fundos de investimentos têm fomentado o setor de olho na escalada ESG (sigla, em inglês, para meio ambiente, social e governança) de suas operações.
A Koppert é a mais nova companhia a fazer parte desta mobilização de instituições financeiras, respaldadas pelo Net Zero Banking Alliance, acordo para construção de uma economia global com emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050”, explicou o comunicado enviado com exclusividade à reportagem.
Marília Forchetti Matheus, gerente financeira da Koppert, enfatizou que somar práticas mais sustentáveis às escalas produtivas de carne, grãos, cereais, entre outras commodities, a oferta de crédito, com taxas inferiores às linhas de mercado, “visa proporcionar maior liquidez corporativa, permitindo obter recursos financeiros antecipadamente, e pode ser emitida por produtores rurais, cooperativas agrícolas, revendas e agroindústrias que atuam na cadeia produtiva”.
Ela reforça que um dos principais alvos das instituições financeiras têm sido o setor de biodefensivos, em especial pela ação de controle de pragas e doenças e porque auxiliam na redução de uso de produtos químicos nas lavouras.
Como parte da resposta desta aposta, o mercado de controle biológico registrou crescimento de 15% no Brasil durante a Safra 2023/24 em relação ao ano anterior, totalizando R$ 5 bilhões. Já nos últimos três anos, o setor teve taxa média de avanço anual de 21% – desempenho quatro vezes superior à média global, segundo dados recentes divulgados pela Croplife Brasil, associação que representa o setor.
Da parte do Itaú BBA, a estratégia está atrelada ao objetivo de transição agropecuária – para sistemas de baixa emissão de carbono. A instituição também quer aumentar a oferta de produtos financeiros que incentivem a adoção de boas práticas de produção. Atualmente, o banco conta com cinco modalidades “ESG” específicas para o agronegócio. São duas linhas para bioinsumos, uma voltada a comercialização e outra para adoação; uma linha para cultivos de cobertura, outra para produções certificadas e uma para energia solar.
A Koppert está no Brasil desde 2011, quando iniciou os registros dos produtos biológicos no país. Apesar de ser o primeiro CPR, a subsidiária brasileira, há pelo menos dois anos, tem flertado com o mercado de capitais e estruturas financeiras mais complexas para financiar operações do agronegócio no país.
Em 2023, lançou seu Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) para captação de R$ 200 milhões por meio de investidores interessados na antecipação de seus recebíveis. A transação, que segue em curso, é coordenada pelo banco holandês. Nesse caso, os recursos são destinados ao capital de giro da empresa, como uma operação “off-balance”.