Atraso no plantio de soja no Estado pode prejudicar implementação das lavouras do cereal
O atraso no plantio de soja em Mato Grosso, impactado por temperaturas normais para esta safra, o que não aconteceu em 2023 quando as temperaturas estavam elevadas, encurtando o ciclo da soja, representam um grande desafio para a produção de milho, que deve entrar em uma janela de risco. A avaliação é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber.
“No ano passado, nós tínhamos 60% de área plantada de soja, esse ano, no mesmo período, só temos 25%. Isso impacta diretamente na segunda safra do milho, ou seja, o milho será semeado fora da janela de segurança, dentro da janela de risco, e parte da safrinha vai ser plantada fora da janela” afirmou, em comunicado.
De acordo com o dirigente, o retorno das chuvas, que beneficiou recentemente o avanço do plantio no Estado, ainda não é suficiente para uma proporcionar boas condições de solo.
“Segundo fonte do Agritempo e da Rural Business, em um relatório de pluviosidade do Brasil, mostrava uma média entre 30mm a 90mm de chuva, ou seja, grande parte do território está com pouca reserva de umidade no solo. A safra de soja no Brasil e a safra de milho já estão comprometidas”, ressaltou Lucas.
O presidente da Aprosoja ainda destacou sobre o cenário instável nos preços dos fertilizantes. No caso dos nitrogenados, a relação de troca desfavorável com o milho, somada ao atraso na semeadura da soja, tem levado os agricultores a adiarem suas compras. Essa postura cautelosa é justificada pelos altos custos, pelo cenário internacional incerto e pelo ritmo mais lento do plantio.
“A guerra no Oriente Médio tem prejudicado, já que Irã, Israel e outros países daquela região são exportadores de nitrogênio, inclusive o Brasil importa grande parte de nitrogênio para a produção de milho”, ressaltou o presidente.
Outra preocupação é que todos esses fatores juntos podem impactar no futuro, quando a produção de milho pode não ser suficiente para a importação e consumo interno.
“Mesmo se no ano que vem nós tivermos uma safra normal, há um cenário positivo para o mercado de milho. Porém, se tivermos uma quebra de safra de milho, o problema se agrava e o Brasil poderá importar mais milho para atender o mercado, porque a demanda tem aumentado interna e externamente por milho no mundo inteiro” finalizou Lucas Costa Beber.
Segundo estimativa mais recente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Mato Grosso deverá semear 6,79 milhões de hectares em 2024/25, redução de 0,14% se comparado com a área de cultivo do ciclo passado.