Há tempos o setor leiteiro brasileiro vem sofrendo com crises. Milhares de produtores já abandonaram o setor, e os que ainda restaram lutam por melhorias.
Em 2023, a situação tem se agravado. O crescente aumento das importações de leite em pó em 2023 tem preocupado o setor lácteo, principalmente em razão dos impactos na competitividade do pequeno e médio produtor de leite.
Durante o evento TecnoAgro, o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes, destacou que o montante importado no Governo Lula – 240 milhões de toneladas – supera mais de três vezes o montante importado do produto nos quatro anos do governo Bolsonaro, que foi de 70 milhões de toneladas.
Confira:
O que motivou a crise?
Um dos fatores que favoreceram a situação interna foi que o mercado mundial de leite passou recentemente por uma queda significativa em seus preços. Simultaneamente, o Real teve uma valorização relativa em relação ao dólar.
Essa combinação de eventos proporcionou um impulso nas importações de leite, provocando uma queda acentuada nos preços do mercado interno. Inicialmente, essa situação apresenta-se como positiva para o consumidor, oferecendo produtos lácteos mais acessíveis.
No entanto, essa condição tem um impacto negativo na economia nacional. A desvalorização contínua dos preços no mercado interno tem potencial para causar a desestabilização e inviabilidade da cadeia produtiva do leite. Tal fato leva à saída dos pequenos produtores do setor, assim como algumas indústrias envolvidas na captação, processamento e industrialização de leite.
Manifestação de produtores
Na última terça-feira (01/08), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (FETAG-RS) organizou uma mobilização com produtores rurais em Porto Xavier, na fronteira com a Argentina. A manifestação teve como foco o protesto contra a importação de produtos de países vizinhos, principalmente o leite.
A diretoria da FETAG-RS declarou em comunicado oficial que a mobilização buscou expor a situação preocupante dos produtores de leite e procurar alternativas viáveis para a sustentabilidade da indústria leiteira brasileira. Uma das demandas principais foi a implementação de uma barreira comercial contra leite e seus derivados provenientes dos países membros do MERCOSUL.
A FETAG-RS também argumentou que empresas ou indústrias que importem leite ou seus derivados não deveriam ser elegíveis para benefícios fiscais governamentais. A federação solicitou a liberação de fundos do Fundo Leite para suportar políticas de apoio aos produtores de leite do Rio Grande do Sul.
Durante a mobilização, os produtores rurais também pediram mudanças em determinadas normativas estabelecidas pelo governo federal este ano para o Proagro. Exigiram, também, uma revisão nos limites de imposto de renda para agricultores e pecuaristas familiares.
Além disso, o órgao pleiteou uma correção ou desconto no enquadramento dos agricultores familiares para o acesso a financiamentos de custeio e investimento do crédito rural através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
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