A Embrapa Clima Temperado, em colaboração com a empresa Partamon, atinge um marco significativo na agricultura brasileira ao obter o registro de uma vespa nativa capaz de parasitar as principais espécies de mosca-das-frutas que impactam a fruticultura do país. Denominado Doryctobracon areolatus, esse parasitoide recebeu a Especificação de Referência (ER 54) como produto fitossanitário, após mais de 12 anos de pesquisas dedicadas.
Essa conquista não apenas representa um avanço tecnológico, mas também abre portas para empresas interessadas buscarem o registro para uso do parasitoide em sistemas de produção orgânicos e convencionais em todo o território nacional. A tecnologia promove uma consolidação cada vez mais robusta do controle biológico no contexto agrícola brasileiro.
No entanto, o caminho à frente envolve a validação em escala comercial das formas de liberação e a adaptação aos diferentes sistemas de produção. De acordo com o pesquisador Dori Nava, cerca de 90% da tecnologia está pronta, mas ainda são necessários estudos em andamento para aprimorar as orientações e maximizar a eficácia da liberação do parasitoide.
A Partamon, startup tecnológica incubada na Universidade Federal de Pelotas, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento desta inovação. A empresa estabeleceu um sistema de produção eficiente e sustentável para as vespas. Atualmente, busca parcerias para a multiplicação em larga escala dos parasitoides, visando atender a demanda do setor produtivo de frutas no Brasil.
A parceria entre a Embrapa e a Partamon foi iniciada em 2018 e recentemente renovada até 2025. Os sócios Sandro Daniel Nornberg e Rafael da Silva Gonçalves, que realizaram pesquisas sobre o parasitoide durante sua pós-graduação em Fitossanidade, desempenharam um papel fundamental na obtenção das informações necessárias para o registro junto ao Mapa.
A vespa Doryctobracon areolatus é um parasitoide nativo com alta eficácia contra espécies de moscas-das-frutas de impacto econômico na fruticultura brasileira. Sua ação se dá pela postura de ovos dentro das larvas das moscas, interrompendo seu ciclo de vida antes da fase adulta. Estudos demonstram que essa vespa é capaz de parasitar até 40% das larvas das moscas-das-frutas, tornando-se uma alternativa promissora no controle dessas pragas.
Essa inovação não só representa um avanço na biotecnologia nacional, como também promove práticas agrícolas mais sustentáveis ao reduzir a necessidade de agroquímicos. Além disso, o parasitoide, por ser nativo, possui adaptação ampla, podendo ser liberado em diversas regiões do país. Dessa forma, a agricultura brasileira dá um passo importante em direção a métodos mais eficazes e ecologicamente equilibrados de controle de pragas.
Fonte: Embrapa