Na bolsa de Chicago, cotação voltou a cair com previsão de chuvas em áreas brasileiras e ritmo acelerado da colheita americana
A combinação de chuvas em áreas produtoras de soja no Brasil e o ritmo acelerado da colheita americana foram determinantes para a queda dos preços na bolsa de Chicago. Os contratos que vencem em novembro fecharam a sessão desta quarta-feira (16/10) em baixa de 1,11%, cotados a US$ 9,80 o bushel.
Para Ismael Menezes, sócio da MD Commodities, depois de sustentarem um movimento de alta nos preços no mês passado, os fundos de investimento agora podem pressionar os valores futuros na bolsa.
“Com o retorno das chuvas à áreas produtoras do Brasil, essa semana podermos ver o plantio registrar um avanço muito forte. Com a manutenção da umidade e as lavouras se desenvolvendo bem, os fundos voltarão a vender mais contratos”, diz.
Nos negócios da soja em Chicago, quando os fundos vendem posições, os preços caem. Para Ismael, atualmente os fundos têm “apenas” 18 mil contratos vendidos, e por isso eles estão “leves” com apetite para pressionar as cotações, pois, há cerca de dois meses, os contratos vendidos eram 180 mil.
Ainda que o plantio da soja brasileira esteja atrasado (com 9,1% da área versus 19% um ano atrás), o analista não vê danos ao potencial produtivo no momento. Algum impacto poderia ser visto apenas para as culturas de segunda safra, como milho e algodão.
O fechamento de hoje também foi impactado por um avanço expressivo na colheita da safra 2024/25 nos EUA. Em um período de sete dias, a colheita de soja avançou 20 pontos percentuais. Até o último domingo, os produtores recolheram 67% da área. Nessa mesma data do ano passado, o percentual atingia 57%, e a média para os últimos cinco anos é 51%, mostram dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
“Chicago continua sob um movimento de pressão. Quando a gente pensa em um piso, ao olhar o desenvolvimento do plantio, sem problemas climáticos, e uma oferta muito robusta comparada com a demanda, os preços podem transitar abaixo dos US$ 9 o bushel”, projeta.
Milho
O dia foi de preços mais altos para o milho em Chicago após números fortes de exportação de milho americano. Os contratos do cereal para dezembro fecharam em alta de 0,87%, para US$ 4,0475 o bushel.
Exportadores privados de grãos dos EUA comunicaram ao USDA a venda de 1,62 milhão de toneladas de milho ao México. Desse total, pouco mais de 1 milhão tem entrega programa para a safra atual (2024/25), e outras 579,12 mil deverão ser entregues no ciclo 2025/25.
O USDA também notificou hoje a venda de outras 332 mil toneladas de milho para destinos desconhecidos, com entrega prevista para 2024/25.
A alta do milho só não foi maior na sessão porque a colheita americana segue com números expressivos.
Até o último domingo, os produtores colheram 47% da área, ou avanço de 17 pontos percentuais em uma semana. No ano passado, a colheita marcava 42%, enquanto a média plurianual é de 39%.
Trigo
O preço do trigo avançou em Chicago respondendo a dados ruins sobre o andamento da safra nos EUA. Os contratos que vencem em dezembro fecharam em alta 0,95%, a US$ 5,85.
O plantio de trigo de inverno nos Estados Unidos chegou a 64% da área até o último domingo, mostram dados do Departamento de Agricultura do país. Na mesma data do ano passado, a semeadura abrangia 65%, e a média de plantio dos últimos cinco anos é de 66%.