Fatores como previsão de queda na oferta e demanda em alta podem manter cotações em patamares históricos, segundo analista
Com fundamentos de oferta cada vez mais preocupantes, o preço do café voltou a bater recorde na bolsa de Nova York. Na sessão desta terça-feira (10/12), os lotes do arábica para março avançaram 1,23%, com o valor de US$ 3,3415 a libra-peso, maior preço da série histórica do Valor Data.
De acordo com Antônio Pancieri Neto, da Clonal Corretora de Café, os dados da trading Volcafé deixaram os investidores ainda mais apreensivos sobre o tamanho da produção do Brasil no próximo ano. A trading cortou em 11 milhões de sacas sua estimativa para colheita de arábica no país, que deve atingir 34,4 milhões de sacas.
“Esses números são provenientes de falhas com a florada em Minas Gerais, impactadas pelo longo período de estiagem em algumas áreas. Os dados contribuem para o sentimento de déficit global de café esperado para o ano que vem”, disse.
Os prognósticos também são pessimistas para a produção do tipo robusta. No maior produtor da variedade no mundo, o Vietnã, as exportações caíram 36% nos dois primeiros meses da safra 2024/25, destacou Pancieri Neto mencionando dados da Vicofa.
“Temos os produtores retraídos nas vendas neste momento, ao mesmo tempo em que a demanda está aumentando em algumas regiões, como a China. Por isso, temos uma tempestade perfeita para a continuidade desse movimento de altas para o café em Nova York”, destaca o corretor.
Cacau
O cacau subiu de maneira expressiva em Nova York, também devido às preocupações com a oferta nas principais origens. Os contratos para março fecharam em alta de 4,72%, cotados a US$ 10.557 a tonelada.
Nos dois maiores produtores mundiais de cacau do mundo, Costa do Marfim e em Gana, nessa ordem, o clima quente e seco já afetou negativamente a safra principal, mostram informações do site Mercado do Cacau.
“Agora, o início do período sazonal do Harmattan, caracterizado por ventos secos que agravam a aridez do solo, ameaça também a safra temporã prevista para abril. Relatórios indicam que os embarques de cacau nos portos da Costa do Marfim na semana passada ficaram abaixo da média dos últimos cinco anos, reforçando os temores de uma oferta reduzida”, destacou a publicação.
Suco de laranja
O preço do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) avançou em Nova York, após revisões de safra para os Estados Unidos. Os contratos para janeiro fecharam em alta de 1,71%, para US$ 5,0020 a libra-peso.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reduziu em 5% sua estimativa para a colheita de laranja no país em 2024/25, para 2,48 milhões de toneladas. Na comparação com a temporada anterior, o número representa uma baixa de 10%.
Na Flórida, principal Estado produtor, a previsão é de 540 mil toneladas, ou 12 milhões de caixas de 40,8 quilos, uma baixa de 20% em relação a última estimativa e de 33% na comparação com 2023/24.
Os números de produção nos EUA divergem das mais recentes estimativas no Brasil, maior exportador de suco de laranja. De acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a produção brasileira será de 223,14 milhões de caixas de laranjas de 40,8 quilos para a safra 2024/25. O volume é 3,4% maior do que o número projetado em setembro (215,78 milhões de caixas), mas é 4% menor que a projeção inicial (232,38 milhões de caixas), feita em maio.
Algodão
Os dados do USDA também mexeram com os preços do algodão na bolsa americana. Os contratos para março recuaram 0,67%, para 69,48 centavos de dólar por libra-peso.
O Departamento de Agricultura dos EUA elevou hoje em 1% sua previsão para a safra mundial de algodão em 2024/25, para 25,56 milhões de toneladas.
A expectativa para a oferta nos EUA também cresceu, 0,5% a mais que em novembro, para 3,1 milhões de toneladas.
Os números também são favoráveis para o Brasil, reforçando o quadro de ampla oferta e depreciação dos preços. O USDA elevou em 0,6% sua projeção para a safra brasileira, para 3,68 milhões de toneladas.
O país, que recentemente ultrapassou os EUA e assumiu o posto de maior exportador mundial, deve manter seu protagonismo. A previsão é para embarques brasileiros de 2,72 milhões de toneladas, alta de 1,6% se comparado com novembro.
Açúcar
No mercado do açúcar, por sua vez, os papéis com entrega para março do ano que vem, os mais negociados em Nova York, fecharam em queda de 2,14%, para 21,04 centavos de dólar por libra-peso.