Melhora do clima fez soja cair na bolsa de Chicago; trigo subiu com receio sobre Rússia e puxou o milho
Num mês de notícias favoráveis para a produção de soja e de preocupações com os efeitos do clima na colheita de trigo nos principais produtores mundiais, os preços dos grãos tiveram comportamento distintos na Bolsa de Chicago. Enquanto a soja recuou, o trigo subiu e puxou o milho em outubro.
Os contratos futuros de segunda posição da oleaginosa encerraram outubro com queda mensal de 1,49%, negociados, na média, a US$ 10,1674 o bushel, segundo acompanhamento do Valor Data.
O motivo do recuo foi que as preocupações com o clima dos meses anteriores deram lugar ao otimismo com o tamanho da produção de soja nos EUA e também no Brasil em outubro, com a volta das chuvas.
“A queda da soja refletiu o auge da colheita da safra americana, além de uma melhora no quadro de plantio na América do Sul, incluindo uma expectativa com o aumento de área, em países como Brasil e Argentina”, disse Flavio França Júnior, líder de pesquisa da Datagro Grãos.
Estimativa recente da consultoria aponta que a área plantada com soja na América do Sul deve atingir recorde de 71,4 milhões de hectares na safra 2024/25, 4% acima do ciclo anterior.
Além do cenário favorável na América do Sul, nos Estados Unidos, outubro foi marcado por um clima quase perfeito para o andamento da colheita. Como resultado, os produtores recolheram até agora 89% da área esperada para a safra 2024/25, bem acima dos 78% na média dos últimos cinco anos, segundo dados do Departamento de Agricultura do país (USDA).
Já o clima adverso para a safra de trigo na Rússia, o maior produtor e exportador mundial, fez o cereal ter alta mensal de 3,12% na bolsa de Chicago, para uma média de US$ 6,0639 o bushel.
Afora a seca na Rússia, a falta de chuvas em regiões de trigo dos EUA também levanta preocupação sobre o desenvolvimento da safra de inverno 2024/25.
“A questão climática levou os especuladores a manterem posições de compra [apostar na alta dos preços], mas ainda é cedo para dizer se a seca irá mesmo prejudicar a produção de trigo [no Hemisfério Norte] no próximo ano”, avaliou Élcio Bento, analista da Safras & Mercado.
O milho, que concorre com o trigo como matéria-prima para ração, também subiu. O contrato de segunda posição teve alta mensal de 2,62%, para um valor médio de US$ 4,3164 o bushel.
Bolsa de Nova York
Na bolsa de Nova York, em meio a oscilações moderadas das commodities em outubro, o destaque de queda foi o cacau. Os contratos de segunda posição da amêndoa caíram 3,90% no mês, para US$ 6.531 a tonelada.
O vetor para esse movimento foi o bom início da safra 2024/25 na Costa do Marfim. O volume de entregas nos portos do principal produtor de cacau no mundo deu ao mercado os indícios de que finalmente a oferta pode se recuperar após três ciclos de déficits.
Desde o início da nova safra, em 1 de outubro até o dia 27 , as chegadas de cacau em portos da Costa do Marfim somaram 284,63 mil toneladas, aumento de 26% na comparação com o mesmo período do ano passado.
“Já era esperado que a recuperação das entregas teria um peso maior de baixa para as cotações, que também foram prejudicadas pelos dados de moagem do terceiro trimestre”, disse Leonardo Rossetti, analista de inteligência de mercado da StoneX.
O café, por sua vez, caiu em outubro em Nova York, pressionado pelo aumento das chuvas em áreas produtoras do Brasil. A cotação cedeu 1,59%, para uma média de US$ 2,5149 a libra-peso. As precipitações em cafezais brasileiros amenizaram, em parte, as preocupações com a seca que vinha prejudicando as lavouras nos últimos meses.
Já o açúcar fechou em leve queda, de 0,88%, com os contratos negociados, em média a 20,70 centavos de dólar por libra-peso. O suco de laranja concentrado e congelado fechou o mês praticamente estável, com alta de 0,08%, a US$ 4,7358 a libra-peso.
O algodão, também negociado em Nova York, teve alta de 2,63%, com preço médio de 73,19 centavos de dólar a libra-peso. A valorização foi reflexo das preocupações com os efeitos dos furacões na produção dos EUA.