
A mais recente pesquisa Genial/Quaest aponta uma diminuição na vantagem de Lula, indicando um cenário eleitoral para 2026 mais dinâmico do que o antecipado.
Em um confronto direto com Jair Bolsonaro, Lula registra 42% das intenções de voto contra 39%, configurando um empate técnico dentro da margem de erro. Contra Michelle Bolsonaro, o resultado é de 44% a 35%. E diante de Tarcísio de Freitas, Lula aparece com 41% contra 36%. Em todas as simulações, a diferença entre os candidatos diminuiu.
Um dado relevante da pesquisa é que 59% dos brasileiros não desejam a candidatura de Lula para um novo mandato, e 67% também rejeitam o retorno de Bolsonaro. Esse panorama sugere um eleitorado fatigado do embate político constante e em busca de alternativas fora da polarização atual, embora ainda sem um nome consolidado para preencher esse espaço.
A pesquisa evidencia, além da retração na liderança de Lula, outros fatores importantes:
- o desgaste inerente à gestão governamental em exercício;
- a resistência ao ressurgimento de pautas ligadas ao bolsonarismo;
- e a carência de uma figura política alternativa com força suficiente para mobilizar o eleitorado.
Essa lacuna gera uma percepção generalizada de incerteza, onde o país observa, desconfia e critica, mas ainda não se alinha a um rumo decisivo. Embora a polarização persista, sua base se mostra mais fragilizada. Pela primeira vez desde 2018, tanto Lula quanto Bolsonaro demonstram simultaneamente vulnerabilidade eleitoral.
Mesmo com a proximidade do período oficial de campanha, os desdobramentos já são perceptíveis:
- A gestão governamental opera em modo de contenção e defesa.
A redução da margem de sobra exige a recuperação de apoio popular, a aceleração na entrega de projetos e a demonstração de resultados concretos, com foco especial em áreas cruciais como economia, segurança pública e programas sociais. - A oposição percebe amplas oportunidades.
A aproximação dos indicadores de intenção de voto incentiva os adversários a intensificarem suas críticas, experimentarem novas narrativas e disputarem espaço no espectro político central, onde se concentra a maior parte dos eleitores indecisos. - A dinâmica das articulações políticas ganha nova intensidade.
Com a diminuição do favoritismo, os partidos de centro e do Centrão passam a negociar com mais cautela e a exigir um valor mais elevado por seus apoios. No cenário político brasileiro, a lealdade frequentemente se condiciona às probabilidades de sucesso eleitoral. - A sociedade permanece em estado de alerta.
O enfraquecimento simultâneo das duas principais lideranças políticas indica um desejo eleitoral por novidades, uma vez que a identificação com as opções atuais se mostra limitada. Essa conjuntura eleva a volatilidade política e a imprevisibilidade em relação ao cenário de 2026.
Talvez o achado mais significativo da pesquisa transcenda os números e toque no aspecto emocional: a maioria da nação não manifesta preferência por Lula nem por Bolsonaro. Isso aponta para uma eleição presidencial em 2026 com um nível de imprevisibilidade notável, possivelmente comparável ao de 1989.
O eleitor não se limita a rejeitar nomes específicos; ele demonstra repúdio ao modelo de confronto incessante, à política desgastada e à sensação de estagnação. O anseio é por renovação, mas ainda falta um líder que consiga encarnar essa mudança.
A nova pesquisa Quaest não define o desfecho das eleições, mas remodela o ambiente político-eleitoral. A vantagem de Lula encolhe, a oposição se revigora, o eleitor demonstra cansaço e o país entra em um estado de antecipação que, historicamente, no Brasil, tem sido prenúncio de reviravoltas inesperadas.
O cenário político está aberto, e nenhum ator pode se considerar imune a surpresas.

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política
As opiniões e conceitos expressos neste material são de inteira responsabilidade do autor.
Fonte: Canal Rural.








