Embrapa sequencia genomas de capim-elefante em colaboração internacional

Embrapa sequencia genomas de capim-elefante em colaboração internacional, acelerando o desenvolvimento de novas cultivares para pecuária e bioenergia. A pesquisa promete cultivares mais resistentes e produtivas em tempo recorde.

Foto: Divulgação/Marcos La Falce.
Foto: Divulgação/Marcos La Falce.

Uma notável colaboração científica internacional, com a valiosa participação da Embrapa Gado de Leite, realizou o sequenciamento dos genomas de 450 genótipos de capim-elefante. Esta coleta abrangente, proveniente de dezoito países, representa um marco promissor. A descoberta abre novas avenidas para o aprimoramento genético desta forrageira essencial, reforçando seu potencial tanto para a pecuária tropical quanto para a crescente indústria de bioenergia.

Originário da África e introduzido no Brasil no início do século XX, o capim-elefante é um componente insubstituível em cultivares amplamente utilizadas, como o Capiaçu, ideal para silagem, e o Curumi, voltado para pastejo.

Em recente entrevista, a doutora em genética e melhoramento, Ana Luísa Souza Azevedo, que atua como pesquisadora na Embrapa, ressaltou a profunda relevância deste estudo: “Ele é um alicerce para entendermos a diversidade, mas, além disso, deu início a um estudo paralelo de associação”.

Assista à entrevista completa:

Benefícios da Pesquisa

Este estudo, fruitado de uma parceria estratégica com o International Livestock Research Institute (ILRI), dedicou cinco anos à avaliação meticulosa do material genético. Este período intensivo permitiu o mapeamento de genes cruciais associados à produtividade, ao valor nutritivo e ao potencial energético do capim-elefante.

Dra. Ana Luísa explicou que o benefício mais expressivo para os produtores reside na aceleração significativa do desenvolvimento de novas cultivares. “Ao empregarmos ferramentas genômicas avançadas, conseguimos reduzir o tempo médio de desenvolvimento de uma cultivar, que tradicionalmente demandava entre dez a quinze anos, para sete a oito anos”, compartilhou a pesquisadora.

Essa otimização temporal viabiliza o lançamento mais ágil de cultivares com características ainda mais específicas, capazes de enfrentar desafios ambientais severos, como o estresse hídrico. Paralelamente, a pesquisa aprofunda-se no explorado potencial do capim-elefante para a produção de bioenergia, um resultado direto de sua notável eficiência em fotossíntese.

Próximos Passos na Pesquisa

O cronograma futuro da pesquisa prevê a exploração aprofundada da edição gênica e do sequenciamento genético com o objetivo de conferir maior resistência às plantas. “Vamos agora desmembrar todos esses estudos de associação focados nas características de maior interesse, por exemplo, associando-as à resistência à cigarrinha das pastagens”, detalhou a pesquisadora.

O propósito central é a geração de marcadores genéticos robustos que potentizem a resistência das plantas não apenas a pragas e doenças, mas, sobretudo, à escassez de água e ao estresse hídrico.

Fonte: Canal Rural.