
O Sistema Faep, em colaboração com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), está conduzindo testes de campo para aferir o desempenho de uma inovadora tecnologia de classificação automática de grãos.
O objetivo principal é mitigar a subjetividade inerente às avaliações realizadas por classificadores humanos, conferindo maior precisão ao processo. Esta solução tecnológica atende a uma antiga e persistente demanda por parte dos produtores de grãos em diversas regiões do Brasil.
“Ao entregar a soja ao cerealista ou à cooperativa, podem surgir interpretações distintas sobre a qualidade do produto. Com esta nova tecnologia, almejamos eliminar grande parte dessas divergências, pois ela se baseia em critérios técnicos e precisamente definidos para avaliação”, comenta o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette.
De acordo com Tiago Pereira, assessor técnico da CNA, as avaliações atuais são visuais e, portanto, suscetíveis ao erro humano. No entanto, com o novo recurso, a possibilidade de falhas poderá ser significativamente reduzida.
Primeiros testes e relatos
Com o intuito de validar a performance do classificador automático de grãos em um cenário real, o equipamento foi submetido a testes de campo no Paraná durante o mês de outubro.
A escolha do estado se deu pela sua expressiva relevância na produção de grãos e pela presença de cooperativas que mantêm forte ligação com o setor produtivo.
Ana Paula Kowalski, coordenadora do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP, destaca que a entidade tem oferecido suporte e orientação aos produtores rurais que enfrentam inconsistências nos procedimentos de classificação de grãos nas unidades de recebimento no Paraná.
“Esses relatos também enriquecem as ações da Comissão Nacional de Cereais da CNA, onde surgiu a iniciativa de apoiar o desenvolvimento de classificadores automatizados para identificar defeitos em grãos de soja”, enfatiza Ana Paula.
Em 2024, durante um encontro em Maringá, a Comissão Nacional da CNA e a Comissão Estadual de Cereais do Sistema FAEP apresentaram as tecnologias emergentes.
A Cooperativa Cooperante, localizada em Campo do Tenente, realizou a primeira experiência, avaliando lotes de soja destinados a Paranaguá. Posteriormente, os testes prosseguiram nas cooperativas Frísia, em Ponta Grossa, e Agrária, em Guarapuava.
“Nestes eventos, simulamos um fluxo de cargas e procedimentos analíticos que refletem a realidade. No dia dos testes, os classificadores das unidades de expedição analisaram as mesmas amostras que foram avaliadas pelo nosso equipamento”, detalha Tiago Pereira. A próxima etapa consistirá na comparação dos resultados obtidos.
Expectativas e futuro da tecnologia
A expectativa é que o equipamento otimize a celeridade e a confiabilidade do processo de classificação, além de minimizar substancialmente as divergências.
O classificador automático de grãos emprega tecnologia de infravermelho (NIR) e Inteligência Artificial (IA) para a realização das avaliações.
“Mesmo dois classificadores profissionais podem apresentar visões divergentes, uma vez que a avaliação pode ser subjetiva. Ademais, o processo automatizado de detecção de defeitos possibilita a integração direta com os sistemas de análise, eliminando riscos de erros na transcrição de informações”, observa Ana Paula, do Sistema Faep.
Ela também esclarece que a tecnologia se posiciona como uma ferramenta de apoio, e não como um substituto para o profissional de classificação, pois a presença de um operador ainda será fundamental para a coleta, padronização e gestão do fluxo de amostras dentro do laboratório.
Fonte: Canal Rural.








