O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, produzindo cerca de 39,4 milhões de toneladas por ano. A região Nordeste é responsável por 26% da produção de frutas no país, com quatro dos cinco estados em que a fruticultura tem maior importância no Brasil: Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Bahia. Embora apenas cerca de 3% da produção brasileira de frutas seja exportada, esses cinco estados respondem por 78,7% do valor das exportações do setor. Esses dados, do IBGE de 2021, demonstram o potencial da fruticultura no Brasil.
A fruticultura tropical irrigada é um dos principais produtos de exportação do Brasil, especialmente no Semiárido. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma das principais responsáveis por desenvolver a tecnologia e o conhecimento necessários para tornar isso possível. A Embrapa Semiárido foi fundada em 1975 em Petrolina, Pernambuco, no coração do sertão nordestino, e desde então tem trabalhado para promover o desenvolvimento sustentável das áreas semiáridas do Brasil. A região do Semiárido cobre 12% do território nacional e inclui municípios em todos os estados do Nordeste, além de partes de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Um outro olhar para o bioma
Nos anos 1970, quando a Embrapa Semiárido foi criada, a região do Semiárido enfrentava deficiências em conhecimento tecnológico e infraestrutura, o que representava um grande obstáculo para o desenvolvimento da agropecuária regional. A Embrapa atuou para transformar essas adversidades em diferenciais produtivos. O desenvolvimento tecnológico foi crucial para o fortalecimento dos sistemas produtivos nas áreas dependentes de chuvas. A Embrapa desenvolveu cultivares tolerantes ao déficit hídrico e às altas temperaturas, além de promover tecnologias para o aproveitamento das águas pluviais, sistemas de produção integrados, práticas de manejo para a produção animal e formas para exploração sustentável da biodiversidade da Caatinga.
Um dos maiores sucessos da Embrapa Semiárido foi o desenvolvimento do maior polo de fruticultura irrigada do país, no Submédio do Vale do São Francisco, responsável pela exportação de 91% da manga e 98% da uva produzida no Brasil. A técnica de irrigação, combinada com outras tecnologias, como o manejo da copa, a nutrição das plantas e a pós-colheita, permitiu que a fruticultura do Semiárido conquistasse posição de liderança nas exportações brasileiras.
A Embrapa Semiárido desenvolveu também novas variedades de frutas mais adaptadas ao cultivo comercial na região, como a cebola BRS Alfa São Francisco, cultivares de feijão-caupi tolerantes à seca e com maior teor de proteína nos grãos, clones de umbuzeiro, além da primeira variedade de maracujá-da-caatinga, a BRS Sertão Forte.
Agropecuária dependente de chuva
Outra grande contribuição do programa de pesquisa da Empresa para o Semiárido está relacionada ao aproveitamento das águas de chuvas para o consumo humano e a produção agrícola. Programas e políticas públicas de promoção do desenvolvimento regional foram desenvolvidos com base em seus resultados de pesquisas, como o P1+2, que utiliza cisternas para o uso humano, animal e pequenas hortas e pomares.
No campo da agropecuária, a Embrapa Semiárido tem se destacado em projetos e ações que diversificaram as possibilidades produtivas, ajudando a superar a visão de combate à seca e firmar a de convivência com o Semiárido. Ainda que apenas cerca de 3% da produção brasileira de frutas seja exportada, a instituição foi fundamental para a liderança do Brasil na fruticultura. As pesquisas e tecnologias geradas na instituição viabilizaram o desenvolvimento do maior polo de fruticultura irrigada do país, no Submédio do Vale do São Francisco, responsável pela exportação de 91% da manga e 98% da uva produzida no Brasil.
Entre as tecnologias mais marcantes desenvolvidas pelo Centro estão as recomendações e estratégias de aplicação de reguladores vegetais na cultura da mangueira, que tornou possível a floração e, consequentemente, a produção em qualquer época do ano. É uma das principais vantagens competitivas da região, com a possibilidade de planejar colheitas para épocas de preços favoráveis no mercado. A técnica, acrescida de outras que aprimoram os sistemas de irrigação, o manejo da copa, a nutrição das plantas, a colheita e a pós-colheita, permitiram à fruticultura do Semiárido conquistar posição de liderança nas exportações brasileiras.
A Unidade concentra suas pesquisas em três grandes áreas: agropecuária dependente de chuva, agricultura irrigada e recursos naturais. As ações contemplam uma diversidade de temas, com destaque para a mangicultura (cultura da mangueira), olericultura, produção animal, recursos naturais, vitivinicultura, convivência com o Semiárido e diversificação de cultivos.
No que se refere à caprinovinocultura e à bovinocultura de leite, o centro de pesquisa tem atuado na Política Nacional de Integração Lavoura Pecuária Floresta, com a utilização de espécies de forrageiras nativas para alimentação dos rebanhos, compondo uma estratégia de maior resistência às inconstâncias pluviométricas da região. As tecnologias e as formas de manejos reprodutivo, sanitário e alimentar dos rebanhos permitem índices de produtividades superiores aos obtidos com a pecuária extensiva tradicional, que tem na Caatinga a fonte quase exclusiva de forragem para os animais.
Recursos Naturais
A Embrapa Semiárido dedica-se a pesquisas que buscam identificar e conservar as riquezas físicas e biológicas da Caatinga, bioma único e bastante degradado. Esses estudos têm como objetivo identificar plantas nativas com potencial forrageiro, florestal, melífero, frutífero e medicinal, além de buscar genes que possam tornar as plantas mais resistentes a estresses hídricos e temperaturas elevadas. A instituição também trabalha na preservação da fauna e flora nativa.
Além disso, a Embrapa Semiárido mantém uma rede de estações climáticas automatizadas que registram, em tempo real, diversos parâmetros climáticos. Essas informações são disponibilizadas gratuitamente aos agricultores e empresas, e ajudam na tomada de decisão para a racionalização do manejo de irrigação e a aplicação de defensivos nos pomares.
Fonte: Embrapa.