Produção sustentável

Transição agroecológica traz melhorias econômicas e sociais para produtores

Grande parte dos agricultores que optaram pela transição agroecológica reduziram significativamente o uso de insumos químicos e passaram a adotar tecnologias abertas.

Um estudo realizado pela Embrapa Caprinos e Ovinos com 70 famílias de agricultores familiares do Ceará mostra que a transição agroecológica, que utiliza práticas mais sustentáveis nos sistemas de produção, resulta em benefícios econômicos e ecológicos.

A imagem mostra agricultores rurais segurando caprinos
Agricultores rurais do Ceará segurando seus animais.

 

O estudo comparou aspectos quantitativos (produção bruta e valor agregado) e qualitativos (autonomia e protagonismo da juventude) em dois territórios do estado. A metodologia utilizada acompanhou quatro propriedades, duas no Sertão de Sobral e duas no Sertão de Crateús, entre 2012 e 2022. Em cada território, foram avaliadas uma propriedade em estágio mais avançado de transição agroecológica e outra que não aderiu ou entrou mais tardiamente.

Foi observado que as propriedades em transição agroecológica obtiveram valores mais altos tanto no produto bruto quanto no valor agregado, quando comparadas com as propriedades que praticam agricultura de forma tradicional. Além disso, houve um aumento da biodiversidade animal e vegetal nos sistemas produtivos, estoque de insumos e na diversidade de mercados acessados.

A zootecnista Maria Gardênia Sousa, que atuou como bolsista no projeto, constatou que as principais transformações observadas nas propriedades que estão no processo de transição agroecológica estão relacionadas à maior autonomia e capacidade de resposta das propriedades (agroecossistemas).

Os impactos da transição agroecológica são observados em diversos aspectos, entre eles o ambiental, com o uso mais consciente da terra, sem queimada, desmatamento e com preservação da mata nativa; o econômico, com incentivo à geração de riqueza a partir dos insumos presentes nas propriedades, e aumento do valor agregado dos produtos; e por fim, o aspecto social, com a maior integração social entre as famílias, destacando a intensa participação das mulheres e dos jovens nesse processo de transição agroecológica.

Segundo o zootecnista Éden Fernandes, líder do projeto Redinovagroeco, a maioria dos agricultores que aderiram a esse sistema está em nível intermediário da transição, quase não usam mais insumos químicos e não adotam pacotes tecnológicos fechados. Isso é resultado de um redesenho que faz modificações na estrutura e no funcionamento das propriedade.