Práticas sustentáveis no cultivo quase triplicam a retenção de gás carbônico equivalente, diz professor
De olho nas regras de Pacto Verde da Europa, cafeicultores estão na corrida para acelerar os resultados de sustentabilidade e um deles nos polos de produção de café do Espírito Santo é a retenção de gás carbônico versus a emissão. Um levantamento mapeou que a cultura retira o equivalente a três toneladas do gás por hectare ao ano da atmosfera.
Isso confere ao conilon capixaba balanço de carbono negativo, conforme conclui a pesquisa “Balanço de GEE do Café Conilon Capixaba”, realizada por uma série de entidades e divulgada ontem em Vitória (ES).
“A implementação de práticas sustentáveis no cultivo do café conilon quase triplica a retenção de gás carbônico equivalente no solo em relação à produção tradicional”, explica o professor Carlos Cerri, da Universidade de São Paulo (USP), um dos responsáveis por conduzir a parte técnica do mapeamento.
Foram coletadas 22 situações de solo, com até um metro de profundidade, respeitando a metodologia reconhecida pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), das regiões produtoras no norte e no sul do Espírito Santo.
Em paralelo, foram obtidas informações dos insumos aplicados e das operações associadas à produção de café conilon, tradicional e sustentável, em 25 propriedades cafeeiras, para que se alcançasse o inventário das emissões de GEE com base na metodologia internacional fornecida pelo Programa Brasileiro GHG Protocol.
No cenário de mudança de uso do solo a partir de pastagem, o balanço de carbono da produção tradicional é de menos 3,01 toneladas de CO2 equivalentes por hectare ao ano, resultado que leva em consideração o sequestro de 6,91 toneladas de carbono por hectare ao ano, que são retidas no solo.
“A chamada adicionalidade de carbono cresce quando se considera a mudança de uso do solo de pastagem para produção de conilon com a adoção de práticas sustentáveis, cujos cafezais possuem balanço de carbono de menos 8,24 toneladas equivalente por hectare ao ano”, explica o estudo.
Esse resultado implica no sequestro de mais de 12,2 toneladas, enquanto são emitidas quase 4 toneladas de carbono por hectare durante 12 meses.
Em outro cenário, quando se analisa a alteração do manejo agrícola, partindo do cultivo tradicional para a atividade cafeeira com adoção de práticas mais conservacionistas, o conilon capixaba também registra balanço negativo de carbono, da ordem de menos 1,36 tonelada de CO2 por hectare ao ano.
Fonte: Globo Rural