Política

Fávaro e Pretto discutem situação do leilão de arroz com AGU e CGU

Governo avalia o potencial de dano caso alguma irregularidade seja identificada no certame As conexões entre os operadores do leilão para compra pública de 263,3 mil toneladas de arroz importado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na semana passada e o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, ligaram um alerta na alta cúpula do governo e …

Governo avalia o potencial de dano caso alguma irregularidade seja identificada no certame

Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (e), e presidente da Conab, Edegar Pretto (d) — Foto: Guilherme Martimon/MAPA

As conexões entre os operadores do leilão para compra pública de 263,3 mil toneladas de arroz importado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na semana passada e o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, ligaram um alerta na alta cúpula do governo e movimentaram a Esplanada dos Ministérios nesta segunda-feira (10/06).

O assunto está no radar do Palácio do Planalto, que avalia o potencial de dano que o episódio pode causar à imagem do governo caso alguma irregularidade seja identificada no certame, disseram fontes.

Os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, se reuniram com o presidente da Conab, Edegar Pretto, e o ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias, pela manhã. Outro encontro está agendado para hoje com a participação da Controladoria Geral da União (CGU). Os compromissos não constam nas agendas oficiais dos participantes.

As reuniões com a advocacia e com o principal órgão de controle e transparência da União são para medir a temperatura do caso e traçar estratégias. As equipes das Pastas estão reunindo informações e documentos para subsidiar as decisões que o governo tomará a respeito do assunto.

São avaliadas desde a manutenção ou cancelamento do leilão até a necessidade ou não de exonerar pessoas envolvidas no certame para minimizar impactos políticos em Brasília.

As conversas ainda são preliminares e as decisões vão depender do grau de envolvimento comprovado de agentes públicos com as empresas, bolsas e corretoras vencedoras do leilão, apontou uma fonte.

Sobre o possível cancelamento do leilão, as equipes do governo analisam os critérios jurídicos que envolvem a questão. As empresas vencedoras têm até quinta-feira (13/06) para depositar 5% do valor da operação para a Conab como garantia.

Geller não participou das reuniões, segundo as fontes. Ele esteve no Ministério da Agricultura pela manhã. Na agenda oficial, o secretário não tem compromissos nesta segunda-feira.

No fim de semana, a reportagem mostrou que Robson França, ex-assessor de Neri Geller quando estava em seu mandato de deputado federal, foi o responsável pela negociação de 44% do volume de arroz negociado e do valor envolvido no leilão da Conab, cerca de R$ 580 milhões. No gabinete na Câmara, França foi colega de Thiago dos Santos, atual diretor de Operações e Abastecimento da estatal, responsável pelo certame.

França é advogado e atualmente comanda a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e corretoras de grãos. Ele também é sócio de Marcelo Piccini Geller, filho de Neri Geller, em outro negócio. Todos negam qualquer tipo de direcionamento ou favorecimento na operação.

Além dos operadores, o leilão está sob escrutínio por conta do perfil das empresas vencedoras, quase todas alheias e desconhecidas do mercado agrícola nacional.

O custo total da operação para a Conab, se concretizada, será de R$ 1,3 bilhão. Após a repercussão, a estatal convocou as bolsas de mercadorias participantes do leilão para apresentarem informações sobre as empresas vencedoras dos lances.





Fonte: Globo Rural