Hipismo

Quanto custa um cavalo de hipismo? Veja essa e outras curiosidades

Das 45 modalidades confirmadas em Paris 2024, apenas uma inclui provas com animais, o hipismo. O esporte, que consiste na arte de montar cavalos, começou a fazer parte dos jogos em 1900 e, neste ano, terá como cenário o jardim do Palácio de Versalhes, residência oficial dos reis franceses entre 1692 e 1789. Saiba mais sobre a história …

Das 45 modalidades confirmadas em Paris 2024, apenas uma inclui provas com animais, o hipismo. O esporte, que consiste na arte de montar cavalos, começou a fazer parte dos jogos em 1900 e, neste ano, terá como cenário o jardim do Palácio de Versalhes, residência oficial dos reis franceses entre 1692 e 1789. Saiba mais sobre a história e outras curiosidades sobre o hipismo!

Quanto custa um cavalo de hipismo?

Em busca dos melhores resultados nas provas de hipismo, o mercado de cavalos movimenta muito dinheiro. Os atletas e seus times pagam milhões para garantir bons resultados nas competições, os valores podem começar a partir de R$ 700 mil e ultrapassar a marca de R$ 10 milhões.

Felipe Gomes Ferreira Padilha, médico veterinário e doutor pela Universidade Federal Fluminense (UFF), explica que o investimento começa antes mesmo do nascimento. “São animais bem selecionados e valiosos. A manutenção da mãe ou, às vezes, a compra da égua que vai gestar aquele potro, conhecida como receptora, é dispendioso e demorado”, conta.

O especialista ouvido pela Globo Rural destaca ainda os gastos com comida de qualidade, piquete, suplemento e acompanhamento veterinário e o início da doma e formação para as competições. “Ele entra nas provas com quatro anos e vai ser considerado competitivo aos 10, mas com 17 ou 18 anos já se aposenta. Ou seja, tem um tempo de vida relativamente curto”.

Totilas, cavalo consagrado com Edward Gal ao vencer a Copa do Mundo de Adestramento e levar para casa três medalhas de ouro nos Jogos Equestres Mundiais de Kentucky, é um exemplo. Em 2010, ele foi vendido por 9,5 milhões de euros.

Já o cavalo Palloubet D´Halong, filho do garanhão Baloubet du Rouet, que conquistou o ouro olímpico em Atenas e o bronze em Sidney com o brasileiro Rodrigo Pessoa, foi vendido por 11 milhões de euros. Quem adquiriu o animal foi a Federação do Qatar, que o levou ao Rio de Janeiro nas Olimpíadas de 2016 para a prova de saltos.

A história do esporte

O esporte começou a fazer parte dos Jogos em 1900, na primeira vez em que a França sediou o evento internacional. Nas duas Olimpíadas seguintes, em 1904, em Saint Louis, nos Estados Unidos, e 1908, em Londres, na Inglaterra, ficou fora da lista do Comitê Olímpico Internacional (COI), mas voltou em Estocolmo, na Suécia, em 1912.

Registros das provas de hipismo em 1900, quando modalidade estreou nos jogos — Foto: Reprodução/Paris 2024 Olympics

Exclusividade

Além de ser o único esporte dos jogos que inclui animais, o hipismo também é a única modalidade das Olimpíadas em que homens e mulheres competem em condições de igualdade no adestramento, equitação e saltos.

Mas não se engane: a participação feminina demorou para ser aprovada. Apenas em 1952, em Helsinque, na Finlândia, as mulheres puderam fazer parte, e somente do adestramento. Doze anos depois, em 1964, nos Jogos de Tóquio, tiveram a liberação que deixou o hipismo 100% misto.

Na última edição, também em Tóquio, Julia Krajewski, da Alemanha, ganhou o ouro, enquanto Tom McEwen, da Grã-Bretanha, e Andrew Hoy, da Austrália, garantiram a prata e o bronze, respectivamente.

Jessica von Bredow-Werndl levou o ouro em Tóquio e aumentou os números da Alemanha — Foto: Reprodução/@jessica_von_bredow_werndl

Entenda as regras do hipismo

No hipismo, as regras e os critérios de julgamento são diferentes em cada prova, seja no adestramento, na equitação ou saltos.

●Adestramento: o cavalo e o cavaleiro (ou amazona) executam a apresentação com movimentos artísticos e embalados por uma música, como se fosse um balé equestre em uma pista de areia de 20×60 metros. A dupla é avaliada com notas de 0 a 10 por juízes que observam a mobilidade, regularidade e a fluidez durante o percurso;

●Equitação: a prova é considerada uma espécie de triatlo por ser a combinação de adestramento e saltos com o cross-country e deve ser feita sempre com o mesmo cavalo. A avaliação acontece durante três dias consecutivos;

●Saltos: os atletas correm contra o tempo nesta prova. Isso porque, o percurso é cronometrado e deve ser completado com o mínimo de faltas. Caso aconteça a queda de um obstáculo ou a recusa do animal em pular por algum local, a dupla perde pontos.

Yuri Mansur na prova de salto nas Olímpiadas de Tóquio, em 2020 — Foto: CBH/Divulgação

É do Brasil-sil-sil!

Em Paris, o Brasil terá representantes nas três provas. Veja abaixo quem são os atletas convocados pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH):

●Adestramento: João Victor Marcari Oliva;

●Equitação: Carlos Ramadam Parro, Marcio Carvalho Jorge, Rafael Mamprim Losano e Ruy Leme da Fonseca;

●Saltos: Yuri Mansur, Stephan de Freitas Barcha, Pedro Veniss e Rodrigo Pessoa.

Espírito olímpico está no sangue

Rodrigo Pessoa, medalhista de ouro em Atenas (individual) e bronze por equipes em Atlanta e Sidney, é o brasileiro com o maior número de participações nos jogos — foram oito até hoje. Ele também esteve em Tóquio (2020), Londres (2012), Pequim (2008) e Barcelona (1992).

Uma curiosidade na Espanha é que competiu junto com o pai, Neco Pessoa, quando tinha 19 anos. Após subir no pódio na Grécia com o cavalo Baloubet du Rouet, irá competir em Paris com Major Tom.

João Victor Marcari, de 28 anos, disputar a terceira Olimpíada da carreira neste ano, mas a relação com o esporte é mais antiga. O atleta, filho de Hortência, a “Rainha do Basquete”. O cavaleiro esteve nos Jogos de Tóquio e Rio de Janeiro e irá competir em Paris com o cavalo Feel Good V.O.

De olho nas medalhas

A Alemanha é o país que mais subiu no pódio na história do hipismo. O país europeu faturou 56 medalhas, sendo 28 ouros, 14 pratas e 14 bronzes. Em Tóquio, na última edição dos Jogos, foram quatro: 3 ouros (adestramento individual e por equipes e equitação individual) e 1 prata (adestramento individual).

Quem aparece na sequência são os Estados Unidos, com 54, a Suécia, que conquistou 45, e a Grã-Bretanha, com 40. O Brasil, por sua vez, tem 3 medalhas: 1 ouro (Atenas) e 2 bronzes (Atlanta e Sidney).

⁠Paralimpíadas

O hipismo das paralimpíadas é um pouco diferente da modalidade praticada nas Olimpíadas, contando com uma modalidade ao invés de três, o adestramento. Nela, o cavaleiro e o cavalo se tornam um só na pista e buscam apresentar aos jurados uma combinação de movimentos, leveza e graça.

As primeiras competições iniciaram na década de 1970, incluídas no calendário dos Jogos em 1996, em Atlanta. As provas também são mistas, com homens e mulheres juntos.

As provas do hipismo nos Jogos Paralímpicos de Tóquio tiveram 78 competidores de 27 países — Foto: Cezar Loureiro/MPIX/CPB

O paradestramento é dividido em individual, estilo livre individual e por equipes e permite que os atletas usem equipamentos especiais, como selas, correias e esporas modificadas, dependendo da necessidade.

As deficiências consideradas para participar do evento esportivo são: ortopédicas, paraplegia, tetraplegia, hemiplegia, paralisia cerebral, problemas neurológicos, degenerativos, neurológicas e visuais. E elas estão divididas em cinco graus, conforme o Comitê Paralímpico Brasileiro. Veja:

  • Atletas com comprometimento severo nos quatro membros;
  • Atletas com cadeira de rodas ou andantes com boa funcionalidade dos braços, ou com comprometimentos unilaterais severos, ou com deficiência visual;
  • Atletas andantes com comprometimento unilateral ou moderado nos quatro membros, ou severo nos braços e com deficiência visual severa;
  • Atletas com comprometimento leve em um ou dois membros, ou com deficiência visual moderada;
  • Atletas com comprometimento leve em um ou dois membros, ou com deficiência visual leve.

Hipismo em Paris 2024: confira o calendário olímpico

Neste ano, as competições de hipismo acontecerão em Versailles, a cerca de 40 km da sede oficial das Olimpíadas, Paris. A primeira prova acontece neste sábado, no dia 27 de julho, e a competição segue até 6 de agosto, com a final por equipes dos saltos. Confira o calendário completo:

  • 27 de julho: 1º dia do hipismo CCE, atletas se apresentam no adestramento;
  • 28 de julho: 2º dia do hipismo CCE, cross-country;
  • 29 de julho: 3º dia do hipismo CCE, salto;
  • 30 de julho: eliminatórias do hipismo adestramento;
  • 31 de julho: eliminatórias do hipismo adestramento;
  • 1º de agosto: final por equipes do hipismo adestramento;
  • 2 de agosto: eliminatórias do hipismo saltos;
  • 3 de agosto: eliminatórias do hipismo saltos;
  • 4 de agosto: final individual do hipismo adestramento;
  • 5 de agosto: final individual dos saltos;
  • 6 de agosto: final por equipes dos saltos.


Fonte: Globo Rural