Agência de notícias informou que empresa havia tomado a decisão devido a alegações de desrespeito à legislação europeia
A Danone do Brasil informou em nota que não deixará de comprar soja brasileira. A gigante francesa disse à agência Reuters que iria interromper a compra de soja do país, citando alegações de desrespeito à legislação europeia.
“Podemos confirmar que a informação veiculada não procede. A Danone continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais”, afirmou em nota Tiago Santos, presidente da Danone no Brasil.
A empresa acrescentou na nota que a soja brasileira é um insumo essencial na cadeia de fornecimento da companhia no Brasil e continua sendo utilizada. “A Danone está há mais de 50 anos no Brasil e investe anualmente em ações que priorizam o apoio e o desenvolvimento de grandes a pequenos produtores locais, incentivando práticas mais sustentáveis em todos os elos da nossa cadeia de fornecimento”, diz a nota.
Repercussões
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Maurício Buffon, relatou que recebeu uma ligação do presidente da Danone ratificando que continua comprando soja do Brasil.
“A Danone nos procurou para falar que a soja e os negócios no Brasil continuam tudo igual e que não vai mudar nada. A gente vai ficar muito firme nessa questão não admitindo ser discriminado”, afirmou Buffon.
O presidente da Aprosoja Brasil ponderou que uma empresa pode começar discriminando uma cadeia de produção no Brasil e depois estender para outras áreas, cimo milho e leite. “Nenhuma empresa tem o direito de questionar sem conhecer. Nós temos reserva legal dentro da propriedade, temos áreas de preservação permanente. Temos todo um cenário de sustentabilidade que eles não conhecem e estão nos questionando”, afirmou Buffon.
Ainda segundo o presidente da Aprosoja Brasil, a Danone teria informado à entidade que a suspensão de compra de soja pela Danone na França refere-se à produção de um leite à base de soja produzido naquele país, mas não há compra de soja do Brasil pela unidade francesa para este fim.
Mais cedo, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou uma nota em resposta às recentes declarações e ações da Danone e de outras empresas do setor agroalimentar europeu que optaram por interromper a aquisição de soja do Brasil.
“As empresas brasileiras atuantes no mercado de exportação de soja e outros produtos agrícolas estão em conformidade com rigorosos processos de due diligence que garantem o cumprimento das exigências de seus clientes internacionais. Esses processos refletem os esforços e os investimentos em sustentabilidade feitos pelo setor produtivo brasileiro, com modelos de rastreabilidade robustos e reconhecidos internacionalmente”, afirmou o ministério na nota.
O Mapa reafirma o “compromisso ambiental” do Brasil, defendendo que o país possui “uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo” e um sistema de comando e controle robusto que visa combater o desmatamento ilegal.
Em relação à lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês), o ministério qualificou as normas como “arbitrárias, unilaterais e punitivas”, afirmando que desconsideram as particularidades dos países produtores e impõem custos significativos, especialmente a pequenos produtores. “Incentivos positivos são mais eficazes na promoção da proteção ambiental”, argumentou o ministério, destacando que a abordagem punitiva prejudica o acesso dos produtos brasileiros ao mercado europeu.
O governo brasileiro também se comprometeu com a transparência, apresentando propostas de modelos eletrônicos de rastreabilidade que atendem às exigências do EUDR, refletindo seu empenho em uma produção responsável e sustentável. O ministério enfatizou que “os modelos privados de rastreabilidade são amplamente reconhecidos e aprovados pelos mercados europeus”.
Além disso, o ministério manifestou que está em diálogo contínuo com a União Europeia, buscando um entendimento que respeite a soberania dos países produtores e assegure relações comerciais justas. “Reiteramos que a posição do Brasil é firme quanto a não aceitar regulamentações que ignorem nossos avanços ambientais e sociais”, ressaltou.